Cotidiano

Fórum pede fiscalização às cotas reservadas para pessoas com deficiência

Cascavel – Formado há quatro anos em Nutrição e Técnico em Gestão, Paulo Cesar Zotti acreditava que com o canudo em mãos as oportunidades de emprego apareciam mais facilmente. Ledo engano. Ele ouviu vários “nãos” e já perdeu as contas de quantas portas se fecharam por conta de sua deficiência visual. O preconceito e a falta de vagas reservadas à pessoa com deficiência superaram os anos dedicados ao estudo.

“As empresas não querem contratar uma pessoa que tenha alguma deficiência. Como a fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego não é assim tão constante e eficaz, fica difícil fazer com que os empresários cumpram o que a lei determina”, diz Zotti, que se refere às cotas destinadas a quem possui alguma limitação física, visual ou auditiva, garantidas pela Constituição Federal.

Hoje Zotti vive apenas com o BPC (Benefício de Prestação Continuada) no valor de um salário mínimo. “Tenho família para sustentar e sem trabalho tudo fica mais complicado”, lamenta.

E foi pensando em modificar essa realidade que o Fórum Municipal da Pessoa com Deficiência organizou nesta sexta-feira (21), no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, em frente à Prefeitura de Cascavel, uma manifestação em prol da garantia de direitos e da participação da pessoa com deficiência na sociedade, facilitando o acesso à educação e ao trabalho e uma atuação mais firme do Ministério do Trabalho e Emprego quanto ao cumprimento da legislação.

De acordo com o representante da Acadevi (Associação dos Deficientes Visuais de Cascavel), Jair Aparecido de Carvalho, 5% da população cascavelense possui alguma deficiência, o que representa pouco mais de 16 mil pessoas. Desses, menos da metade estão empregados. O restante tem como única renda o BPC.

“Queremos a nossa reserva de vagas garantida. O emprego à pessoa com deficiência é uma das maiores dificuldades que enfrentamos. Além dos casos em que a lei não é cumprida, existem aqueles que contratam uma pessoa formada, com conhecimento, e a colocam em cargos totalmente abaixo de sua capacidade só porque ela tem alguma limitação. Isso desestimula o profissional, que lutou tanto por sua formação”, diz Carvalho.

Além do mercado de trabalho, o protesto serviu também para reivindicar melhorias na infraestrutura da cidade, especialmente em relação à acessibilidade em espaços públicos e privados.