Educação

Fórum aborda educação 4.0 e empreendedorismo na escola

Para melhorar produtividade, professores têm se dedicado a projetos que integram alunos e comunidade escolar

Fórum aborda educação 4.0 e empreendedorismo na escola

Trabalhar com os recursos existentes e, a partir disso, gerar resultados inovadores. É com esse objetivo que professores e diretores de escolas da região oeste paranaense têm trabalhado com a Educação Empreendedora em sala de aula. A metodologia, desenvolvida pelo Sebrae/PR e difundida por meio de treinamentos e capacitações, é aplicada em 33 cidades na região oeste e gera resultados significativos que mudam não só a relação entre professor, aluno e sala de aula, mas também o contexto da educação.

Por esse motivo, alguns dos principais projetos desenvolvidos na região foram destaque durante o Fórum de Educação 4.0, realizado durante a Technovação 2019, de 2 a 4 de maio, em Cascavel. “A cocriação do conhecimento e a aprendizagem por meio de projetos colaborativos está cada vez mais presente em sala de aula e vem suprir a demanda do estudante de aplicar o que aprende em algo que faz sentido para sua vida. Por isso, aliar a tecnologia e a inovação à educação é fundamental para facilitar o acesso e melhorar o processo de ensino-aprendizagem”, afirma a consultora do Sebrae/PR Nara Pick.

Um dos destaques foi a palestra de Francisco Velasquez, diretor da escola de formação de professores no Rio de Janeiro e membro da rede Conectando Saberes. Além de abordar a importância da aprendizagem ativa, ele incentivou os profissionais da educação a buscarem não apenas recursos, mas a formular projetos que envolvam os alunos.

“Muitos profissionais pensam que, para inovar, é preciso ter muita tecnologia e recursos em larga escala para a realização de projetos. Porém, para inovar, é preciso fazer um link que vai além de tecnologia e recursos – é preciso integrar o que já se tem dentro da sala e a vontade que cada aluno carrega dentro de si para fazer algo diferente na escola”, enfatiza.

Exemplo

Empreendedor na área da educação, Jocemar do Nascimento começou as atividades na robótica ainda em 2013, quando trabalhava na Secretaria de Educação de Cascavel. “Naquele ano fui à Campus Party e acabei me envolvendo com a programação de robôs. Depois disso retornei para o meu trabalho com vontade de fazer as crianças sentirem a mesma emoção que eu senti ao ter uma ideia e vê-la ganhando forma”.

Ao longo de 2013, Jocemar estudou e preparou uma metodologia que incluísse a robótica em escolas municipais de Cascavel. “Transformei os outros professores em parceiros do projeto e conseguimos adquirir kits de robótica que eram acessíveis e eficientes. Com o projeto em ação, motivamos os alunos a participarem das aulas e, ao fim do primeiro ano de projeto, já alcançamos resultados significativos”, explica.

Hoje o projeto é trabalhado com alunos de Cascavel e outros municípios da região oeste. Além da programação de robôs, o ensino da robótica tem proporcionado aumento da frequência dos alunos nas escolas e até melhora nas notas: “A robótica fez as crianças sentirem prazer e alegria ao estarem na escola. Isso também é inovação, pois estamos inserindo o aluno na metodologia de ensino”, completa Jocemar.

Robótica foi levada para a sala de aula / Foto: Arquivo MEC/Divulgação

Crochê solidário

Quem também pôde perceber na prática os resultados do ensino da Educação Empreendedora nas escolas foi a professora Maria Helena Barbosa. Depois de participar da formação no Sebrae/PR, ela retornou a Guaíra com o desafio de implantar algum projeto que ligasse o empreendedorismo à solidariedade no Colégio Estadual Presidente Roosevelt. “Os alunos iriam visitar o Hospital do Câncer Uopeccan pela disciplina de inglês. Com isso, eles propuseram que eu os ensinasse a fazer tricô ou crochê para confeccionarem cachecóis e toucas que seriam doados ao hospital. Porém, o material para a confecção desses itens não é barato, então já começamos a veia empreendedora com a formação de parcerias, prospecção de projetos e busca de investidores”, relata.

Hoje o projeto segue com os alunos formados assumindo a posição de monitores nas oficinas de tricô e crochê. Alguns, inclusive, aproveitaram as lições aprendidas para empreender na prática. “Tenho uma aluna já formada que decidiu vender os produtos que ela faz. Há alguns dias, ela me mandou uma foto de um xale, dizendo que pegou os moldes na internet e que já estava aceitando encomendas para o inverno. É uma forma de ela ganhar um dinheiro extra”, conta.

Exemplos como esse, segundo Francisco Velasquez, membro da rede Conectando Saberes, só comprovam a teoria de que, para inovar na educação, basta querer fazer diferente. “Principalmente nas escolas públicas, onde os recursos são escassos, é possível pensar em projetos que possam inserir o aluno nas práticas escolares, saindo daquele molde tradicional onde professores falam e alunos escutam. A sala de aula, para ser inovadora, precisa ter caráter de integração e isso já está acontecendo por meio de iniciativas que promovem o protagonismo da comunidade escolar”.

 

Em Guaíra, projeto une empreendedorismo com solidariedade/ Foto: Arquivo/Maria Helena Barbosa