Cotidiano

Fortes chuvas prejudicam votação no referendo sobre o Brexit

 LONDRES — No caminho para votar no referendo sobre o Brexit, muitos eleitores britânicos sofrem com as chuvas torrenciais e as inundações que atingem diversas partes do país. O mau tempo prejudica a participação dos britânicos na consulta popular, que decidirá se o Reino Unido fica ou deixa a União Europeia (UE). Os principais líderes, incluindo o premier David Cameron, já votaram.

Em Londres, alguns centros de votações atrasaram para abrir ou foram obrigados a fechar as portas por conta das enchentes. Em outras partes do país, moradores relatam dificuldades para chegar às urnas.

A previsão é que em poucas horas caia toda a chuva esperada para o mês inteiro na capital britânica. Durante a noite, tempestades alagaram ruas, casas e estabelecimento comerciais. O transporte público sofreu alterações, e bombeiros receberam centenas de chamadas por conta de incidentes envolvendo inundações, raios e veículos presos.

O mau tempo pode prejudicar a participação dos britânicos no referendo, que é considerada um fator-chave para o resultado da consulta popular. As pesquisas mais recentes indicaram um grande número de eleitores indecisos até a véspera da votação.

Os primeiros eleitores começaram a votar nesta manhã, e as urnas permanecerão abertas até as 22h (horário local). Mais de 46 milhões estão registradas para responder à pergunta: “O Reino Unido deve continuar sendo um membro da UE ou deve sair do bloco?”.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, compareceu ao centro de votação. Líder do Partido Conservador, o premier liderou a campanha pela permanência do Reino Unido no bloco europeu. O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, também já votou no referendo que decidirá o destino do país.

A disputa sobre o Brexit gerou uma polarização que deixará marcas. Se o Leave (de “sair”) vencer, as consequências econômicas poderão sacudir os mercados e o premier David Cameron dificilmente conseguirá se manter no cargo. Se o Remain (de “permanecer”) ganhar, o governo precisará enfrentar a frustração de uma imensa parcela da população que demonstrou não confiar na UE.

Na quarta-feira, o clima de sociedade rachada pode ser sentido nas ruas de Londres. Em frente ao Parlamento, enquanto flores eram colocadas para lembrar a parlamentar Jo Cox, defensora da integração europeia assassinada por um neonazista, uma ativista carregava um cartaz com xingamento à UE. Nas estações de metrô, o jornal “Evening Standard” era distribuído gratuitamente e pedia na primeira página votos para o Remain. Mas quem lesse tabloides populares como “The Sun” e “Daily Express” encontraria mensagem oposta.

As últimas sondagens mostram que a retórica anti-UE, que inclui severas críticas à política de imigração, continua a ter forte apelo. Uma pesquisa do instituto Opinium registrou 45% das intenções de voto para o Brexit contra 44% para o Remain. A TNS, por sua vez, deu 43% para o Brexit, e 41% para o campo pró-UE. Já o YouGov indicou 51% para a permanência e 49% para a saída, enquanto a Comres apontou 48% contra 42%, respectivamente.