Cotidiano

Foro Iberoamérica critica ação penal de Morales a jornalista por denúncia

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SAN JUAN – A comissão da organização Foro Iberoamérica dedicada aos meios de comunicação criticou uma ação penal imposta pelo presidente boliviano, Evo Morales, contra o jornalista Humberto Vacaflor. Composto por representantes do setor de mídia da América Latina, da Espanha e de Portugal, como o vice-presidente do Grupo Globo, João Roberto Marinho, o comitê expressou solidariedade ao jornalista pelas consequências legais que Vacaflor sofre por denunciar suposta ligação do chefe de Estado com um crime ocorrido em 2000.

“Lamentamos profundamente que permanecer na Bolívia ocupando-se de encarar este assunto tenha impedido que o comunicador nos acompanhasse na XVIIª edição do Foro”, diz a nota.

Morales acusa Vacaflor de difamação por ter citado informações publicadas em um jornal sobre supostas testemunhas que vincularam Morales no sequestro, tortura e assassinato de policiais e militares em 2000. O crime foi cometido por militantes de seu movimento cocalero, e Morales na época era deputado e dirigente camponês. Nunca foi provado judicialmente o envolvimento do hoje presidente.

“(A ação) Supõe um ato de coação à liberdade de expressão e de veto ao exercício do jornalismo crítico e independente como o que desempenha Vacaflor e que o fez merecedor do Prêmio Libertad da Associação Nacional de Jornalistas da Bolívia deste ano em reconhecimento a sua carreira.

Ainda nesta semana, Morales perdoou Vacaflor após o jornalista se retratar, por recomendação judicial. A nota afirma que a solidariedade de Vacaflor é “um compromisso com o espírito do Foro em promover e defender a liberdade de expressão e o direito à informação”.

O comunicado é assinado, entre outros, por João Roberto Marinho, o espanhol Juan Luis Cebrián (do “El País”) e o argentino Héctor Magnetto (do “Clarín”).

Fundado em 2000, o Foro reúne intelectuais, políticos e empresários de destaque nestes países, sob direção do ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso e o ex-chefe de Estado chileno Ricardo Lagos.