Cotidiano

FMI defende reforma da Previdência que inclua servidores públicos

WASHINGTON – O Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) defende uma abrangente reforma da Previdência do país, incluindo o sistema de aposentadoria dos servidores públicos, que não seguem as normas do INSS. A orientação conta da conclusão que a direção do Fundo fez do relatório sobre o Brasil publicado no ano passado. Anualmente a instituição faz uma análise detalhada de cada país que compõe o FMI.
Previdência 0511?Os diretores salientaram a necessidade de reforma do regime de Previdência, incluindo o dos funcionários públicos de todos os níveis de governo, levando em conta as tendências demográficas desfavoráveis e os grandes desequilíbrios atuariais?, disse o documento, divulgado na tarde desta terça-feira em Washington, de acordo com o Artigo IV do Convênio Constitutivo do FMI com todos seus países-membros.
O documento informa que a direção do FMI ainda expressou preocupação com as finanças de governos locais e ?encorajam soluções duradouras em coordenação com os estados?, afirmou o documento, sem citar nominalmente o Rio de Janeiro, que vive uma grave situação fiscal.
A análise do Conselho Diretor do Fundo reforça a avaliação que a crise é decorrente de problemas internos, que foram potencializados pela redução da demanda global por matérias primas. O documento afirma que vê o Brasil saindo da recessão, mas alerta que a recuperação será lenta e gradual. Da mesma forma, o Fundo recomendou cautela para a redução dos juros no Brasil:
?Enquanto as condições para um ciclo de atenuação gradual (dos juros) estão se formando agora, com as expectativas de inflação convergindo para a meta, os Diretores (do FMI) recomendam que a política monetária deve permanecer relativamente apertada até que o progresso do ajuste fiscal e das reformas sejam mais tangíveis e as expectativas de inflação se aproximar da inflação do banco central alvo?, afirmou o documento, que vê a inflação convergindo para a meta.
Uma fonte do FMI lembrou que este documento e esta análise foram feitas antes da eleição de Donald Trump nos EUA e que ainda é cedo para saber qual será o impacto da administração do magnata na situação econômica do Brasil.
Este documento, analisado agora pela direção do Fundo, havia sido divulgado pelo FMI no dia 29 de setembro. Na época disse que o Brasil conseguiu recuperar um pouco a confiança que havia perdido, mas que precisa mostrar resultados concretos das reformas para voltar a crescer. Se isso ocorrer, diz, a recessão de 3,3% prevista para este ano vai evoluir para uma alta de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos em um ano) em 2017. Mas a instituição lembra que a situação do país ainda é frágil, pois o Brasil ?está com pior situação fiscal em duas décadas?.
Entretanto, os técnicos do fundo viam riscos para o país. Segundo o relatório, a recuperação mais rápida da atividade econômica é prejudicada pelo excesso alavancagem das empresas, o elevado desemprego e piora da situação financeira das famílias. No lado externo, os riscos são um período mais longo de baixo crescimento dos outros países, em especial da China, e uma nova queda dos preços das commodities (produtos básicos com cotação global, como soja, minério de ferro e petróleo).

*Correspondente