Cotidiano

FMI: confiança no Brasil está voltando, mas crescimento deve ser lento

257272842_1-3.jpgWASHINGTON – Oya Celasun, chefe da Divisão de Estudos sobre a Economia Mundial do Fundo Monetário Internacional (FMI), afirmou em entrevista, nesta terça-feira, que a confiança no Brasil está voltando, mas que há muitos riscos que ameaçam a recuperação do país. Ela disse que a velocidade das reformas propostas pelo governo de Michel Temer vai ditar o ritmo da retomada da economia. fmi 0410

O Fundo prevê que o país tenha uma recessão de 3,3% neste ano e cresça 0,5% em 2017. Para 2021, a instituição espera que a economia brasileira esteja crescendo a 2% ao ano, número abaixo da média mundial.

? Pode-se olhar a metade cheia ou a metade vazia do copo. Por um lado é positivo que a confiança finalmente esteja retornando e que haja sinais de que a recessão está no fim, a recuperação nos preços de ativos tem sido bastante favorável. Ao mesmo tempo, a perspectiva a médio prazo ainda é de crescimento relativamente lento, o que nos lembra da necessidade de continuar avançando a agenda de adaptação a essa nova realidade de preços mais baixos das commodities, com a adoção de políticas na direção certa e na agenda de reformas estruturais ? disse ela, na sede da entidade, em Washington.

Ela afirmou que a confiança no Brasil está muito melhor agora que no começo do ano e que os ?indicadores da atividade estão indo na direção certa?. Celasun disse que este é um sinal bem vindo, mas há alguns ajustes pela frente.

? O que sustenta essa melhora é que há progresso nas reformas propostas pelo governo, que mova no Congresso num período de tempo razoável. Mas, para além disso, a perspectiva é de uma melhora bastante gradual no ritmo de crescimento, para em torno de 2% ou 2,5% a médio prazo, depois da forte recessão ? disse ela, defendendo também novas mudanças estruturais, melhorias na infraestrutura e uma simplificação do sistema tributário e mover barreiras ao comércio.

Entretanto, ela vê que os riscos ao país continuam, inclusive da recessão persistir.

? Há riscos tanto de melhoria como de piora no Brasil. Há muito espaço para a recuperação do crescimento, claramente se a reforma de agendas progredir de forma suave, até mais rapidamente do que supomos, isso pode produzir crescimento. Ao mesmo tempo, se essas reformas travaram ou se diluírem, então poderá haver um enfraquecimento da confiança e dos preços de ativos que poderão causar danos nos balanços tanto do setor privado como do público e atingir o crescimento. Isso prolongaria o ambiente de crescimento muito baixo, se não de recessão, no Brasil.