Cotidiano

FMI: Brexit provocará volatilidade nos mercados e crescimento mais lento

WASHINGTON e LONDRES – O Fundo Monetário Internacional advertiu na quinta-feira que se o Reino Unido aprovar sua saída da União Europeia no referendo que será realizado na semana que vem, os mercados serão afetados, dificultando o crescimento econômico. Os Bancos Centrais de diferentes países também alertaram sobre os riscos que uma decisão favorável à saída no referendo do próximo dia 23 no país poderia trazer à economia global.

— Uma votação a favor da saída da UE poderá precipitar um período de alta incerteza, volatilidade nos mercados e um crescimento mais lento, enquanto que o Reino Unido negocie sua nova relação com a UE — disse Gerry Rice, porta-voz do FMI, em uma coletiva de imprensa.

Rice insistiu aos jornalistas que não está sendo alarmista.

— Eu diria que se trata do FMI fazendo seu trabalho (…) de maneira objetiva, de maneira imparcial — expressou.

O Fundo alertou em reiteradas ocasiões sobre o potssível efeito negativo de uma saída britânica do bloco. Em maio, Christine Lagarde, diretora-gerente do organismo internacional, disse que sair da União Europeia seria uma decisão “bastante ruim, muito ruim” para a economía britânica.

Nesta quinta, o chefe do BC japonês, Haruhiko Kuroda, disse que a instituição mantém “constante intercâmbio de opiniões com o Banco da Inglaterra e outros bancos centrais”. Ele afirmou que a instituição pode responder a todo possível aumento dos custos de financiamento em dólares.

— Queremos estabelecer uma coordenação estreia com as autoridades locais e internacionais e observar com atenção como a votação afetará o mercado financeiro internacional e a economia global, incluindo o Japão — disse a autoridade em coletiva de imprensa em Tóquio.

Diante de pesquisas de intenção de voto que apontam para uma eventual saída da UE, investidores se concentram em como as autoridades do Federal Reserve (Fed, BC dos EUA), o Banco Central Europeu (BCE) e do BC japonês podem frear o pânico do mercado caso esta seja a vontade popular. As autarquias destacam que os mecanismos de liquidez, produto da era da crise, estão disponíveis e que os BCs de países como Suíça e Dinamarca afirmam que estão dispostos a atuar para estabilizar suas moedas.

E Thomas Jordan , do Banco Nacional Suíço, disse que “os grandes Bancos Centrais têm uma comunicação muito boa, de modo que contamos com a informação necessária para entender tudo que se passa no mercado”. Segundo ele, em primeira instância, os funcionários poderiam atuar nos mercados globais para prevenir todo “exagero”.

Ewald Nowotny, do Conselho Governante do BCE, afirmou nesta quinta-feira em Viena que os acordos de permutas entre os Bancos Centrais vão garantir que as entidades creditícias tenham acesso à liquidez durante qualquer “distúbrio no mercado”.

“Esperaríamos que os bancos centrais interviessem para conter tanta volatilidade”, afirmou Steven Barrow, estrategista do Standard Bank Group, em nota a clientes em Londres. “As autoridades considerarão que já têm as ferramentas necessárias para limitar uma maior alteração”.

A última pesquisa realizada pelo Ipsos Mori para o jornal “The Evening Standard” apontou que 53% dos consultados votarão a favor do Brexit, enquanto 47% prefere a permanência no bloco, sem contar os indecisos.