Brasil e Rússia, que disputaram a decisão dos Jogos Olímpicos de Londres-2012, se enfrentam nesta sexta-feira, às 22h15, na semifinal do Rio-2016, no Maracanãzinho. E mesmo com equipes bem diferentes, a rivalidade está no ar. É que o Brasil perdeu o ouro após liderar a decisão por 2 sets a 0 e ter tido dois match points. E a pergunta que fica é: o que será que o técnico Vladimir Alekno prepara para esta partida? Links vôlei
É que em 2012, ele deu um nó tático em Bernardinho, ao colocar o central Muserskiy de oposto, no terceiro set, e o grandalhão acabou com o jogo ao marcar 31 pontos. A sorte do Brasil é que Muserskiy não veio. Contundido, o treinador russo foi obrigado a abrir mão do jogador de 2,18 metros. Alekno também precisou dispensar Markin, que foi pego em exame antidoping, no início do ano, por uso de meldonium, e por isso, impedido de disputar os Jogos pela federação de seu país.
No retrospecto direto, a Rússia tem vantagem: são cinco vitórias contra quatro em Jogos Olímpicos e 33 contra 30 em competições internacionais. Além disso, o Brasil, que sofreu com a contusão do central Maurício Souza e com o desconforto do meio de rede Lucão no início da competição (ambos em condições de jogo), pode ter problemas com os ponteiros Lucarelli (estiramento muscular leve na coxa direita) e com Lipe (que sentiu a lombar), que sentiram dores na última partida. Eles foram poupados do treino de quinta-feira e nesta sexta farão avaliações.
? A gente vai ter de juntar a perna de um, com as costas de outro, pé de um, joelho do outro. Se tiver que ser assim, será. Os 12 jogadores que estão aqui tem condições de entrar em quadra e mostramos isso na Liga Mundial, que chegamos até a final contando com todos e jogando muito bem. Vamos recuperar quem dá para recuperar e jogar com quem estiver apto ? falou Lucão, que chama a atenção para a dificuldade de pegar o pesado time russo. ? A Rússia pode não ter começado tão bem os Jogos Olímpicos mas jogaram muito bem nas últimas três partidas. É um time que se alimenta de saque e bloqueio. E não podemos rifar bola nem enfrentar o bloqueio.
O Brasil avançou à semifinal após superar a Argentina por 3 a 1 (25/22, 17/25, 25/19 e 25/23). Já a Rússia venceu o Canadá por 3 a 0 (25/15, 25/20 e 25/18). Essa é a quarta vez seguida que o Brasil chega à zona de medalha olímpica. Em Londres-2012 e em Pequim-2008, disputou a decisão e ficou com a prata. Em Atenas-2004, foi campeão. Já a Rússia, chega a esta etapa pela quinta vez consecutiva: além do ouro na última edição, tem bronze em Pequim-2008 e Atenas-2004 e um quarto lugar em Atlanta-1996. Links volei
? São gerações diferentes, é outro momento. O Muserskiy era um ponto importante no time deles. E que hoje não está mais ai. Perderam, um pouco. Mas chegou o Kliuka na ponta jogando muito bem, um excelente saltador (chega a 3,60m no ataque e 3,50m no bloqueio) ? compara o levantador Bruninho, que esteve na derrota na Inglaterra, sobre o ponteiro de 21 anos, eleito o melhor atacante e jogador do Mundial sub-23, de 2015.
Bruninho afirma, porém, que o estilo do jogo russo não mudou e que o Brasil está cada partida mais confiante. Segundo ele, para derrotar a seleção, o rival vai ter de dar sangue.
? Sets duros são importantes para deixar o time mais cascudo. O William falou uma frase, ?agora a gente chegou ao tartaruga, mano! Com a cabeça ali mas com a casca dura?. Para ganhar da gente vai ter se sangrar muito ? garante o capitão, que afirma que o Brasil atual é mais forte fisicamente. ? Temos alguns jogadores mais novos, mas com mais força, como o Lucarelli. O Murilo e o Dante eram mais técnicos. Além disso, o Wallace cresceu e o Lucão está ainda melhor.
Todas as medalhas do Brasil na Rio-2016
A Rússia também tem time mais jovem mas conta com o capitão Tetyukhin, de 40 anos, ponteiro que não sabe o é ficar fora do pódio olímpico. Desde Sydney-2000 ele conquista medalhas. Tem quatro, um recorde entre jogadores de vôlei de quadra. Só ele e o italiano Papi tem a honraria. Em sua sexta olimpíada, foi o porta bandeira da Rússia.
No último Mundial, em 2014, eles ficaram em quinto lugar. Na Liga Mundial de 2016, encerrada há um mês, a Rússia terminou em sétimo.
O experiente Serginho, único do Brasil que tem o ouro em Atenas-2004, diz que esta Olimpíada é a mais difícil que disputou.
? Além das derrotas, tiramos um dos favoritos ao titulo (França). Contra a Rússia, não dá para enfrentar os caras na porrada. Eles são mais fortes que a gente. Tem de ser vôlei bem pensado ? comenta o líbero, se referindo ao fato de que os dois melhores bloqueadores do torneio até aqui são russos (Volvich e Mikhaylov).
E se eles contam com Mikhaylov, o maior pontuador de Londres-2012, com 148 pontos (Murilo, com 98, foi o melhor brasileiro na lista em 5.º), e o melhor atacante até agora no Rio-2016, a seleção tem Wallace, que arrasou na última partida, somando mais 24 pontos. Hoje, o brasileiro lidera o ranking de pontuadores do torneio com 109 pontos (sendo 101 de ataque) e está em segundo na lista de atacante.
? Pegar a Rússia não vai mudar nosso modo de jogar. Tem de ter sangue nos olhos como fizemos nos últimos jogos ? prega Wallace.
