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Final olímpica pode trazer paz temporária ao futebol brasileiro

RIO ? Na hierarquia internacional das competições de futebol, os Jogos Olímpicos guardam distância de uma Copa do Mundo, por exemplo. Não figuram na lista de prioridades das grandes estrelas internacionais. No entanto, poucas seleções já disputaram uma decisão de medalha de ouro com tamanhos efeitos associados ao seu resultado quanto o Brasil que, hoje, às 17h30m, enfrenta a Alemanha. O futebol brasileiro e muitos de seus personagens terão suas trajetórias influenciadas pelo que acontecer na final olímpica.

No mundo do futebol, a Olimpíada pode não ser o torneio mais importante de se ganhar. Mas o futebol brasileiro não suporta mais perder.

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Ganhar o ouro acabará com uma lacuna. Mas não se trata apenas do ineditismo. O futebol brasileiro busca paz, um ambiente de mais esperança que se estenda até a seleção principal: em 12 dias, ela volta às eliminatórias, competição em que vive situação desconfortável. Futebol-BRA-1908-1

? Sempre buscamos um vilão nas derrotas. Somos impacientes e destruímos tudo. Nunca temos o projeto concluído ? advertiu o técnico Rogério Micale em sua última entrevista antes da primeira final em um torneio de grande repercussão na carreira, lamentando apenas o fato de o treinador, na Olimpíada, não ganhar medalha. ? Vou dar um jeito de arrumar uma, vou pedir para CBF fazer uma réplica. Prefiro que seja de ouro. É uma honra estar aqui. As imagens de Brasil 6 x 0 Honduras

Micale sempre pregou que o país avaliasse o trabalho, não o mero resultado. Mas sabe que sua inserção no mercado, no rol de treinadores de elite do país, com chance em clubes de ponta, está ligada ao desempenho do time hoje. Até Tite, mais experiente e consagrado, sentirá o impacto. Vai estrear na seleção num ambiente mais complacente caso o ouro, enfim, venha.

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Difícil dizer que a carreira de Neymar atingirá novo patamar se a seleção for campeã. Já é nome idolatrado mundialmente, uma estrela global. Mas será mais fácil ser Neymar com o ouro do que sem ele. Na memória afetiva do torcedor brasileiro, será mais do que um craque: agregará também a imagem de vencedor pela seleção. E se fortalecerá com o título de um elenco no qual é líder, visto como ídolo pelos mais jovens.

Neymar emergiu como estrela e como ícone de uma geração de jogadores justamente numa fase de derrotas amargas da seleção. Ainda que tenha sido ele o grande nome da última conquista do Brasil: a Copa das Confederações de 2013. O palco foi o mesmo Maracanã de hoje. Futebol-BRA_1908_2

? Eu ganhei uma segunda chance: em casa, diante dos amigos, da família. Não vai ter uma chance melhor ? disse Neymar, único remanescente da prata de Londres-2012 e do 7 a 1 imposto pela Alemanha em 2014, desastre que atribui peso simbólico à decisão.

Machucado, Neymar não estava em campo. Pela Alemanha, o zagueiro Ginter é o único nome que resta, mas também não jogou.

? Tenho sentimentos bons sobre o Mundial, mas o Brasil é forte e favorito ? disse o alemão.

Há outras trajetórias que podem ser marcadas hoje. Uma geração emergente e valorizada no mercado ganharia até projeção para disputar vaga na seleção principal: por exemplo, Gabriel Jesus, Gabigol e Luan, companheiros de ataque de Neymar. O Brasil deve jogar a final com Weverton, Zeca, Marquinhos, Rodrigo Caio e Douglas Santos; Walace e Renato Augusto; Gabigol, Luan, Neymar e Gabriel Jesus.

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