Cotidiano

Filme que aborda questões de gênero é sensação no Festival de Berlim

64853576_CORRECTION - L-R Chilean director Sebastián Lelio and Colombian actress Daniela Vega pose f.jpgBERLIM ? A questão de gênero bateu forte ? porém de forma quase poética ? na tela do 67º Festival de Berlim neste domingo (12) com a exibição de ?Una mujer fantástica?, na competição pelo Urso de Ouro. O novo filme do diretor argentino (criado no Chile) Sebastián Lelio, o mesmo de ?Gloria?, vencedor do Urso de Prata de melhor atriz (Paulina García) na edição de 2013, descreve o drama de Marina, garçonete transgênero que vive com um homem mais velho, e alimenta a rotina com esperanças sobre o futuro.

Certa noite, seu companheiro passa mal e morre em consequência de um aneurisma no hospital. É aí que começa o périplo de humilhações impostas a Marina, que enfrenta o preconceito dos médicos, da polícia e da ex-mulher e do filho do morto. A personagem é interpretada pela cantora lírica e atriz transgênero Daniela Vega.

Marina acaba encontrando a liberação na própria imaginação, onde se vê ora resistindo a uma ventania, ora bailando em uma pista de dança.

? Marina sabe que o espaço dela em que pode viver livremente em Santiago, onde a história se passa, é muito limitado. Mas ela o encontra de uma forma ou de outra, e é isso que a torna tão especial, tão ?fantástica? ? explicou Daniela, na coletiva de imprensa após a exibição do filme.

A programação do dia começou com a produção polonesa ?Spoor?, dirigida por Agnieszka Holland (com a colaboração de Kasia Adamik). Trata-se de um thriller com subtexto ambientalista construído em torno da figura de Duszejko (Agnieszka Mandat), engenheira aposentada que vive numa pequena cidade na fronteira entre a Polônia e a República Tcheca. Ela é vegetariana, gosta de astrologia e vive às turras com os caçadores de animais silvestres que insistem em desrespeitar as leis que regulam a caça na região.

Um dia suas cadelas de estimação desaparecem. Na sequência, um vizinho morre em condições suspeitas. E aí que o ativismo ferrenho de Duszejko pode colocar sua vida em risco.

? Duszejko guia o espectador por uma paisagem na qual a beleza da natureza e a amizade do ser humano estão fundidas na terra, na corrupção e na estupidez dos homens ? disse Agnieska.

Menos sorte com a plateia teve o drama histórico ?Viceroy?s house?, de Gurinder Chadha. A trama se passa em 1947, quando o Reino Unido se prepara para deixar a Índia, depois de séculos de colonização. A transição, administrada por um vice-rei inglês, enviado diretamente de Londres, não será calma: a perspectiva de independência infla os ânimos dos hindus e muçulmanos, gerando massacres e, finalmente, a criação do Paquistão. Mas tudo é contado ao sabor de um novelão. O resultado não agradou.