Cotidiano

Filme com Shia LaBeouf mostra jovens americanos desajustados em Cannes

201605150838405152_AFP.jpgCANNES ? A programação oficial da 69ª edição do Festival de Cannes tem revelado um apetite sexual incomum. Predatórias e explícitas em ?Rester vertical?, de Alain Guiraudie; reveladoras em ?Toni Erdmann?, de Maren Ade; e masoquistas em ?Mademoiselle?, de Park Chan-wook, as cenas de sexo surgem cruas no drama contemporâneo ?American honey?, primeiro longa-metragem da diretora britânica Andrea Arnold (?O morro dos ventos uivantes?, 2011) ambientado nos Estados Unidos, exibido neste domingo na competição pela Palma de Ouro. Cannes Helí

O filme é todo construído em torno de Star (a estreante Sasha Lane), adolescente que foge da dura realidade em que vive para seguir um grupo de jovens desajustados que vendem assinaturas de revistas de porta em porta pelo Meio Oeste americano. Um desses jovens é Jake (Shia LaBeouf), o mais esperto dos ?vendedores? ambulantes, por quem Star sente imediata atração, e com quem ela manterá raivosas relações sexuais ao longo do caminho, embalado por muito rap e música country.

O roteiro foi inspirado em um artigo publicado em 2007 no ?New York Times? sobre grupos de jovens desajustados contratados por empresas para vender produtos pelo país. O filme de Andrea explora o contraste entre a realidade de jovens americanos sem perspectivas e ricas comunidades do interior do país.

? Faço parte dessa classe desfavorecida. É de lá que venho. Eu compreendo o comportamento daquelas pessoas, simpatizo com elas ? disse LaBeouf durante a coletiva de imprensa do filme.

Há cenas de sexo em ?Mal de pierres? da francesa Nicole Garcia (?Um belo domingo?), também exibido em competição, embora em sequências mais comportadas. Trata-se de um drama de época (entre os anos 1950 e 1970) no qual a estrela francesa Marion Cotillard interpreta Gabrielle, filha de fazendeiros do Sul da França, e cujos intensos desejos amorosos são interpretados como sinal de insanidade pelos que a cercam. Sentindo-se aprisionada em um casamento imposto, ela se agarra à paixão por um oficial do exército que conhece em uma clínica médica nos Alpes.

O filme de Nicole, que também é atriz, é uma versão de um romance homônimo da escritora Milena Agus. Ela assina o roteiro em parceria com o franco-argelino Jacques Fieschi (de ?Yves Saint Laurent?, 2014).

? O livro de Milena me forneceu uma ideia muito poderosa do que o destino da mulher pode lhe reservar. Para mim, a sina de Gabrielle incorpora uma certa imaginação da parte dela, uma força criativa com a qual todos somos capazes de acessar quando nossos desejos e sentimentos nos guiam aos nossos limites ? explicou a realizadora.

* O repórter está hospedado a convite do Festival de Cannes