Cotidiano

Filipinas suspende sangrentas operações antidroga após assassinato

64380541_This picture taken on January 5 2017 shows relatives crying as they look over the body of t.jpg

MANILA – A polícia filipina suspendeu suas controversas operações antidrogas até que ela possa se livrar de “malandros”, afirmou o seu chefe nesta segunda-feira, seguindo uma afirmação do presidente Rodrigo Duterte de que a corporação é “corrupta até a sua essência”.

Duterte, em uma ruptura em seu firme apoio à polícia, estimou que 40% da corporação é corrupta e tão “ruim quando os senhores da droga”, dando uma resposta raivosa, neste domingo, ao rapto e assassinato de um empresário sul-coreano por agentes antidrogas.

O presidente filipino vinha defendendo de forma constante a polícia envolvida em sua guerra às drogas, frente à revolta internacional com a mortalidade das operações.

Mas Duterte deixou claro que a guerra contra as drogas iria continuar até o fim de seu mandato, em 2022. O chefe de polícia, Ronald dela Rosa, disse esperar que as operações voltassem dentro de um mês.

? Para todos os policiais desonestos, cuidado! Não temos mais uma guerra às drogas. Temos agora uma guerra aos malandros ? disse Dela Rosa após uma cerimônia homenagear o sul-coreano assassinado Jee Ick-joo, 53 anos, estrangulado em outubro. ? Vamos limpar nossas fileiras.

A ONG Human Rights Watch, porém, se mostrou descrente de que a campanha antidrogas de Duterte, uma das cartas que o presidente tem na manga desde sua campanha, será suspensa ? ao menos que ele “busque assumir uma responsabilidade importante” pela onda de assassinatos relacionados às operações, em curso a sete meses.

Mais de 7 mil pessoas foram mortas desde então, cerca de 2.250 durante operações policiais.

A guerra às drogas alarmou grupos de direitos humanos, que acusaram Duterte de tolerar uma onda de assassinatos extrajudiciais pela polícia. A corporação nega, afirmando que tem agido para a autodefesa.

A decisão de Dela Rosa veio um dia depois de ele denunciar abusos policiais, incluindo evidências forjadas.

A morte de Jee foi um desastre para a imagem da polícia. Ele foi preso por susposto crime relacionado às drogas, mas sua esposa e advogados dizem que esta foi uma versão falseada para cobrir um sequestro com pedido de resgate.