RIO ? Associar a história e as conquistas de Cuba somente a Fidel Castro, morto nesta madrugada, é um erro, na avaliação de Daniel Aarão Reis, historiador e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Crítico do regime cubano, Reis considera que Fidel tratou o país como se fosse propriedade sua e anulou o sentido de autonomia.
? Fidel é um grande líder revolucionário que se tornou um ditador. Durante décadas tratou o país como se fosse sua propriedade. No seu longo reinado, ele teve aspectos positivos e importantes reformas sociais. Foi o grande gerente de Cuba. É difícil falar de Cuba e da revolução cubana sem citar Fidel. Mas isso é uma tragédia. O que há de mais belo na Humanidade é o sentido de autonomia em relação a partidos, Estados e grandes lideranças. Os ditadores anulam o senso de autonomia.
Para ele, é um erro associar a construção da História cubana somente a Fidel.
? É impossível negar que ele foi uma grande figura. Mas as reformas costumam ser exclusivamente associadas a ele. É um erro. Foi o povo cubano que construiu Cuba. Não foi Fidel. Nas avaliações, há uma tendência em personalizar os processos históricos. É muito ruim quando os feitos e realizações são atribuídos exclusivamente a seu líder e ditador.
Segundo o professor, o regime construído por Fidel seguiu os passos da monarquia.
? O programa da revolução cubana era democrático, mas Fidel acabou abandonado-o e se tornando um ditador por décadas. A ditadura no final acabou tendo ares de monarquia porque depois passou o poder para o irmão. É impossível desconsiderar figuras tiranas que permanecem décadas no poder. Os tiranos sempre serão maus para a sociedade.
