Cotidiano

Festival de filmes de acervo homenageia os 100 anos do samba

Cinema também dá samba. Não tanto quanto era de se desejar, mas o bastante para que, em seu segundo ano de existência, o projeto Arquivo em Cartaz dedique alguns de seus segmentos a filmes sobre o assunto.

Promovido pelo Arquivo Nacional, com exibição desses filmes, mesas de debate, algumas homenagens e um show de encerramento, o evento, subtitulado Festival Internacional de Cinema de Arquivo (competição entre filmes brasileiros, português, argentino, mexicano e búlgaro), vai de segunda ao dia 16, nos teatros do BNDES, no Cinearte da UFF e no próprio Arquivo Nacional.

O curador Antônio Laurindo deixa claro o principal objetivo do projeto: a importância da preservação da História e dos bens culturais. O samba entra na programação por ser este o ano em que oficialmente se comemora o seu centenário:

? Foi a partir desses dois pontos, o samba e a preservação, que escolhemos nossos dois homenageados, Haroldo Costa e Chico Moreira, este falecido no começo do ano ? diz Antônio Laurindo. ? As exibições de filmes sobre samba, segmento denominado Arquivo Faz Escola, serão sempre às 8h30m.

A pesquisadora Viviane Gouveia, responsável também pela edição da revista sobre o projeto, tem a mesma posição do curador sobre se o samba tem sido ou não bem tratado pelo cinema brasileiro. Os dois falam apenas do que é parte do acervo Arquivo Nacional: quase tudo que ali está, incluindo o samba, foi produzido ou preservado pelo Estado.

? Naturalmente, tentamos ultrapassar isso ? garante Antônio Laurindo.

?Trinta?, documentário de Paulo Machline sobre o carnavalesco Joãosinho Trinta, será exibido na terça dia 8 no Arquivo Faz Escola. A quarta-feira terá ?A alma roqueira de Noel?, com Paulo Miklos recriando as canções do poeta de Vila Isabel sob direção de Alex Miranda. E na quinta é a vez de ?O samba que mora em mim?, de Georgia Guerra-Peixe. Antônio Laurindo e equipe não conseguiram a liberação de um quarto, ?O samba?, direção do franco-suíço Georges Gachot, programado inicialmente.

Embora a Mostra Competitiva, organizada por Mariana Monteiro, não fosse temática (a única exigência é de que pelo menos 30% de cada filme fosse de material de arquivo), há trabalhos ligados ao samba, como ?Araca ? O samba em pessoa?, documentário sobre Aracy de Almeida. Entre as pérolas exibidas fora de competição estão ?Divinas divas?, de Leandra Leal (dia 10, 19h30m) e ?Tantinho ? Memória verde-e-rosa?, de Pedro von Kruger (dia 11, 20h30m), ambas em pré-estreia nacional. ?Aviso aos navegantes?, de Watson Macedo, tem versão restaurada por Chico Moreira. Como em toda comédia da Atlântida, há samba na trilha.

MESAS SOBRE ACERVO

As mesas, sempre às 10h30m, são todas sobre samba. Na terça, Haroldo Costa é homenageado pelos palestrantes Nei Lopes, Tantinho da Mangueira e Ricardo Cravo Albim, com mediação de Pedro Tinoco. Na quarta, Nilcemar Nogueira, Débora Monteiro e Bia Paes Lime falam dos respectivos acervos que coordenam: Museu do Samba, Museu da Imagem e do Som e Instituto Moreira Salles. E, na quinta, a escritora Luciana Savaget, Guilherme Bryan, que roteirizou um especial sobre samba para o Canal Brasil, e Rita Marques, gerente de Informação e Pesquisa da Globo (ex-Cedoc), falam de suas experiências com o uso de imagens em produção de TV. Curtas do Arquivo N, da GloboNews, sobre Maria Bethânia, Gonzaguinha e Cartola, são exibidos às 14h. No mesmo horário, dia 11, Joel Pizzini mostra o resultado dos cursos de filmagens documental dado pelo Arquivo Nacional para crianças e adolescentes.