Cotidiano

Fernanda Schröder, psicóloga: 'Os jovens não têm a empresa dos sonhos?

?Nasci em Curitiba, morei a vida toda em Juiz de Fora e, há quatro anos, estou em Belo Horizonte. Sou psicóloga, pós-graduada em gestão de pessoas e em gestão de negócios. Trabalhei por dez anos com Recursos Humanos, e há quatro atuo em desenvolvimento e capacitação de carreira.?

Conte algo que não sei.

O planejamento de carreira engloba três pilares: a vida pessoal, a
profissional e a financeira. Esses três pontos geralmente não estão alinhados.
Dessa forma, o candidato terá que escolher o que é prioridade, para que a longo
prazo ele possa desfrutar de uma carreira bem-sucedida.

Qual a expectativa do mercado em relação aos que procuram o
primeiro emprego?

As empresas buscam uma espécie de tripé: conhecimento técnico, básico para
pleitear uma vaga; postura comportamental, para desenvolver a proatividade, a
criatividade e o trabalho em equipe; e domínio de outros idiomas, para absorver
as diversidades culturais.

Aos que perderam o emprego em razão da recessão econômica, como se
recolocar no mercado?

Eles, e qualquer outro profissional, não devem deixar de se qualificar nunca.
Precisam participar sempre de palestras, cursos online ou presenciais. Logo, a
economia vai reaquecer, e essas pessoas deverão estar prontas para isso. Elas
devem se preparar para os futuros processos seletivos, saber se vender nas
seleções.

Os jovens têm buscado carreiras alternativas, saindo do antigo
plano profissional, de permanecer na mesma empresa até a aposentadoria. Como o
mercado vê essa mudança de perfil?

As companhias estão, aos poucos, se moldando a essa
transformação. Hoje, a nova geração quer mais qualidade de vida e flexibilidade.
A juventude, em sua maioria, não tem mais a empresa dos sonhos, e sim a carreira
que a faça se sentir realizada. E para atender à nova demanda, uma forma que as
corporações estudam é optar por trabalhos temporários, onde se paga por
projetos.

Pedir ao candidato que conte um defeito é comum nos processos
seletivos. Qual o objetivo dessa pergunta?

A pergunta quer identificar o autoconhecimento do candidato sobre as
habilidades que ele acredita ainda ter que desenvolver, e como fará para tal. A
partir daí, o recrutador poderá certificar-se de que o potencial empregado não
será negligente em relação aos conflitos no ambiente de trabalho.

E como mencionar suas próprias qualidades fugindo de respostas
clichês?

A empresa espera exemplificações dessas qualidades. Por
exemplo: se for ressaltar que trabalha bem em equipe, aponte uma situação em que
você foi capaz de aproximar as pessoas para que todas trabalhassem juntas. Não
sustentar uma resposta poderá ser prejudicial.

É justo, por parte dos recrutadores, exigir experiência
profissional a quem busca o primeiro emprego?

Olha, não é o ideal, mas eu não diria ser injusto. A empresa tem a liberdade
de trazer à sua equipe quem ela acredita estar mais desenvolvido e preparado
para a vaga em questão. Às vezes, não há tempo para treinar o novo empregado.

Há casos em que o salário pode se sobrepor à satisfação
profissional?

O ideal é trabalhar no que é prazeroso. Entretanto, um pai de família,
dependendo de sua realidade, vai pensar primeiro no financeiro. Então, dentro da
realidade de cada um, deve-se fazer o que se gosta, entendendo-se que, com
dedicação, o retorno financeiro acaba sendo uma consequência.