Cotidiano

Fed já demorou muito em elevar taxas, segundo o JP Morgan Asset

NOVA YORK – O Federal Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos) já deveria ter aumento as taxas de juros este ano e corre o risco de inflar os preços dos ativos por se abster, segundo avaliação do JPMorgan Asset. O Fed está ficando sem desculpas para não elevar as taxas e poderia fazê-lo em dezembro e mais duas vezes no ano que vem, disse Michael Bell, estrategista global de mercados do JPMorgan Asset, à Bloomberg Television.

Alan Greenspan, ex-presidente do Fed, afirmou em entrevista à Bloomberg Raido que as taxas de juros nos EUA começaram a subir em breve, possivelmente com rapidez.

Ainda que o discurso recente do Fed tenha sido duro, a ata da reunião sobre política econômica em julho, divulgada na quarta-feira, mostrou que os legisladores se encontravam divididos quanto à necessidade de elevar os juros em breve. Os títulos do Tesouro americano subiram após a publicação das minutas, enquanto nos mercados de contratos futuros a probabilidade de elevação das taxas caiu a menos de 50%. Em dezembr de 2015o, o Fed elevou os custos do crédito pela primeira vez desde 2008 para a faixa entre 0,25% e 0,50%.

“Ao manter as taxas de juros tão baixas durante esse período de tempo, arrisca-se inflar o tipo de busca de rendimentos que faz as pessoas comprarem coisas com rendimentos que talvez não façam muito sentido a longo prazo”, disse Bell na entrevista. “Se não agir agora, poderia começar a subir a inflação e terminariam tendo que aumentar as taxas de juros mais rapidamente do que gostariam. Isso causaria problemas”.

‘NÃO CONDIZ’

A opinião de que as autoridades econômicas não fariam nada durante muito tempo “não condiz” com o que está dizendo o Fed, disse na quinta-feira John Williams, do Fed de São Francisco. Alguns investidores, como Loomis Sayles, Pacific Investment Management e Franklin Templeton, também alertaram que os mercado de títulos estão subestimando as perspectivas de inflação e aumento de taxas de juros.

Greenspan voltou a manifestar sua inquietude porque a economia americana se encaminhava para um período de estagninflação, ou seja, crescimento parado e inflação alta. O ex-presidente do Fed mencionou a alta dos custos unitários de mão de obra e crescimento da oferta monetária como catalizadores do crescimento dos preços.

“Se analisar a última crise, uma das principais causas foi que as taxas de juros se mantiveram demasiadamente baixas durante tempo demais”, avaliou Bell. “Este é o momento no ciclo em que um não quer andar assumindo riscos extremos”.