Cotidiano

Farmacêutica interrompe testes com remédio promissor para Alzheimer

64653240_FILE PHOTO - A screen displays trading information for stocks Pfizer Abbott Laboratories Me.jpgRIO – A farmacêutica Merck anunciou, nesta terça-feira, que irá suspender testes com uma até então promissora droga para o tratamento de Alzheimer, o Verubecestat, em pacientes em estágios moderados da doença. A decisão sucede um estudo independente do Comitê de Monitoramento de Dados (eDMC, na sigla em inglês), que apontou que o tratamento tem “praticamente nenhuma chance” de funcionar. No entanto, experimentos com o verubecestat para pacientes em estágios iniciais do Alzheimer continuarão, com previsão de conclusão para 2019. Links Alzheimer

“Apesar de estarmos decepcionados de que não foram observados benefícios neste estudo, nosso trabalho continua [a estudar o impacto] do Verubecestat em pessoas com a doença em estado menos avançado”, afirmou em nota o presidente do ramo de pesquisas da Merck, Roger Perlmutter.

Há três meses, outra farmacêutica, a Eli Lilly, também suspendeu testes com outra droga, o Solanezumab, por falta de eficácia. Uma classe de medicamentos experimentais como o Verubecestat, conhecidos como inibidores BACE ? que controlam uma enzima envolvida na formação de aglomerados anormais de proteínas no cérebro ?, vinha sendo a maior aposta na indústria e na ciência para o tratamento do Alzheimer.

“Havia grandes esperanças de que os testes poderiam ser bem-sucedidos. Há hoje muitas preocupações e debates na comunidade profissional. Tem sido bem decepcionante”, disse o professor John Bretiner, especialista em psiquiatria geriátrica e medicina preventiva na Universidade McGill, à rede de televisão americana CNN.

Os últimos episódios começam a questionar a validade da hipótese de que os aglomerados anormais de proteína, conhecidos como placas amilóides, pudessem causar a Alzheimer. Há atualmente outros testes em curso com drogas que se baseiam nesta suposição, encabeçados por empresas como a Novartis, Amgen, Janssen e Biogen.

Cerca de 47 milhões de pessoas vivem com demência ao redor do mundo e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que o Alzheimer cause de 60% a 70% destes casos. Atualmente, nenhum tratamento provou ser eficaz em desacelerar o impacto da doença em humanos ? que envolve a perda de memória e confusão mental.

As ações da Merck caíram em quase 2% nesta terça-feira após o anúncio.