Cotidiano

Família denuncia despreparo de PM morto

padrasto.jpgRIO – O padrasto do terceiro-sargento Alexandre Moreira de Araújo, de 44 anos,
morto na terça-feira durante um tiroteio com traficantes na Favela do Rola, em
Santa Cruz, criticou o fato de o enteado ter sido escalado pelo comando do 27º
BPM (Santa Cruz), no qual estava em seu primeiro dia, para uma operação. Segundo
o aposentado Jorge Caputo, de 68 anos, o policial há anos fazia apenas serviços
burocráticos.

? O Alexandre trabalhava em serviços internos há muito anos e não estava mais
preparado para uma operação, ainda mais sem o suporte necessário para isso. Não
havia apoio aéreo, por exemplo. O estado não deu as condições necessárias para
fazerem aquela operação ? disse ele. Violência – 01/07

?SITUAÇÃO DE EXTREMO RISCO?

Um colega do terceiro-sargento na Polícia Militar também disse que o policial
não estava preparado para participar da operação na Favela do Rola, uma das
áreas mais violentas da Zona Oeste.

? Ele não fazia esse tipo de serviço, e (o comando)
acabou colocando um agente despreparado em situação de extremo risco ? disse o
PM, que pediu para não ser identificado.

Depois de tomar conhecimento das reclamações da família
do policial, o deputado federal Ezequiel Teixeira (PTN-RJ), vice-presidente da
Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara, entrou
com um pedido no Ministério Público do Rio, para que se investigue a
responsabilidade cível e criminal do estado e dos agentes que comandavam a
operação na Favela do Rola. O parlamentar também pediu que se apure a estrutura
oferecida pelo estado durante as incursões, bem como o preparo dos agentes.

?Chamo a atenção para a elevada quantidade de policiais
vítimas de disparo de arma de fogo durante a realização das operações (…) no
Rio de Janeiro. O MP tem o dever de agir para manter a preservação da vida dos
policiais de nosso estado?, argumentou o deputado em ofício ao procurador-geral
do Estado do Rio, Marfan Martins Vieira.

A Polícia Militar foi questionada sobre as críticas, mas
até a noite não havia dado resposta.

O terceiro-sargento estava com outros policiais quando
foi baleado na axila, numa parte do corpo não coberta pelo coleta à prova de
balas. Ele foi sepultado ontem, no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.

A SEIS ANOS DA APOSENTADORIA

Alexandre de Araújo era casado e tinha um filho de 2
anos. Segundo o padrasto do policial, o filho do policial militar ainda não
compreende que o pai morreu.

? Ele pega o celular a toda hora e diz que quer ligar para o pai. É difícil
lidar com a perda e com a inocência da criança ? disse o aposentado.

Jorge contou ainda que o enteado já contava o tempo para se aposentar da
Polícia Militar ? estariam faltando seis anos.

? Ele estava doido para chegar logo esse momento. Temia que algo ruim pudesse
acontecer ? lembrou.

LEIA MAIS:

Paes diz que estado de calamidade não tem relação com Olimpíada

Estado de calamidade exclui ameaça às instalações esportivas

Governo quer dar Bilhete Único apenas a isentos de IR

Ilha de Brocoió tem casarão tombado, mas que se deteriora sem os cuidados

Corte de despesas na Justiça gera polêmica entre magistrados

Estado estuda parcelar salários dos servidores

?Calendário do 1º semestre da Uerj está totalmente comprometido?, diz reitor

Despesas do estado com servidores requisitados triplicaram

Inadimplência do estado ameaça conclusão de obras do metrô para os Jogos