Policial

Falta de efetivo e de segurança colocam profissão em xeque

Segundo o Sindarspen, hoje 3 mil trabalhadores dão conta de 20 mil presos

Cascavel – No sistema penitenciário do Paraná sobram presos e falta estrutura. Mas a inexistência de itens básicos não ocorre só para os detentos. As condições de trabalho de um agente penitenciário colocam a profissão em risco, já que muitos têm o psicológico afetado e até se afastam do trabalho por problemas que são gerados devido à falta de efetivo e de segurança, pelas ameaças constantes e pela impossibilidade de o profissional se defender.

A maior parte dos problemas começa pela falta de efetivo. Segundo o Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná), há 3 mil profissionais para cerca de 20 mil presos nas penitenciárias. “O último concurso que teve foi em 2013, quando foram contratados pouco mais de 400 agentes penitenciários. Já são cinco anos sem concurso. Mas a última contratação grande que repôs efetivamente o quadro de profissionais ocorreu em 2004. Desde então, em 2007 e em 2013 houve concurso mas poucos foram convocados”, explica a presidente do sindicato, Petruska Niclevisk Sviercoski.

Segundo ela, mais de 500 agentes não trabalham na parte interna das penitenciárias, deixando o número de profissionais que custodiam os presos ainda menor.

De acordo com o Sindarspen, o próprio Depen (Departamento Penitenciário) reconheceu o déficit e pediu uma ampliação para 3 mil vagas ainda em 2013. Mas esse levantamento foi “corrigido” e, no fim das contas, foram chamados os 400 profissionais. “Em unidades grandes, um plantão não vai ter mais de 30 agentes penitenciários. A rebelião da PEC [Penitenciária Estadual de Cascavel] de novembro, no local onde os reféns foram rendidos, havia apenas um agente para custodiar presos de cinco pátios de sol. Cada pátio tem 30 presos”.

Ameaças

Sem efetivo e segurança dentro nas unidades e com falta de suprimentos essenciais aos presos, o agente penitenciário é o primeiro alvo das reclamações e das ameaças feitas pelos detentos. “O Estado não fornece o básico. Toda vez que o agente nega um remédio ou um item de higiene, coisas de sobrevivência básica, e que nega porque não tem, isso vai acirrando a relação do profissional com o detento. Os presos não têm contato com a família, não tem informação. E aí as ameaças ocorrem o tempo todo”, conta Petruska.

Armamento

Por lei, os agentes penitenciários têm direito ao porte de arma. Só que para se armar é preciso gastar do próprio bolso e, segundo o Sindarspen, o departamento não dá sequer curso para que o trabalhador aprenda a atirar.

Esse conjunto de fatores leva a um dado estatístico perturbador, que fez parte de um levantamento do sindicato ainda em 2016, na revista Operários do Cárcere – Diagnóstico sobre e a saúde e as condições de trabalho dos agentes penitenciários do Paraná. Segundo a pesquisa, 46,2% dos agentes têm diagnóstico de doenças relativas ao estresse. Outros 35,1% relatam problemas como hipertensão, depressão, ansiedade e insônia.

Novo levantamento

Questionado sobre a defasagem de pessoal, o Depen informou que um levantamento será realizado e que até a próxima semana apresentará os dados para a reportagem.