Agronegócio

Falta de chuva já provoca 40% de perdas no feijão

Estiagem também prejudica pastagens, milho safrinha e 8 mil hectares com trigo

Cascavel – Ela chegou trazendo alegria, mas as chuvas registradas fim de semana na região foram inexpressivas e que não contribuem em quase nada para amenizar os efeitos nocivos da estiagem de mais de 30 dias no campo. A avaliação é do técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) do Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Cascavel José Pértille.

Pértille passou boa parte da segunda-feira falando com técnicos e agrônomos de toda a região para consultar volumes e a maioria foi categórica ao afirmar que os registros foram inexpressivos, nem sequer chegaram a um milímetro de precipitação no campo na maioria dos municípios do oeste.

Segundo o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), em média, foram de três a cinco milímetros na região.

Isso potencializa a preocupação de produtores em todas as frentes no campo, desde as pastagens para a bovinocultura de leite e de corte, até safrinha de milho, com mais de 730 mil hectares que definham por falta de água, o atraso em quase três semanas no plantio do trigo e o desenvolvimento do feijão.

Neste momento, segundo Pértille, as lavouras mais castigadas são as de feijão. Dos 15 mil hectares cultivados, de onde se esperava colher 30 mil toneladas no início do ciclo, as perdas variam de 30% a 50%. “As lavouras de feijão menos prejudicadas são as que estão prestes a ser colhidas, mesmo assim, ali a redução na produtividade é de 30%. O que será colhido adiante terá perdas de até 50%”, estima o técnico, ao lembrar que a colheita começa em duas semanas.

Com média de quebra de 40%, os prejuízos nas lavouras de feijão beiram neste momento R$ 20 milhões, já que a saca está cotada a R$ 100. Agora, 70% está em frutificação e 30% em maturação. “O que está em frutificação está registrando abortamento das flores e dos grãos”, reforçou.

8 mil hectares de trigo podem nem brotar

A falta de chuva também interfere no ciclo do trigo. O zoneamento teve início há quase três semanas, mas apenas 5% da área foi plantada até o momento em toda a região oeste do Paraná. Detalhe: esses cerca de 8 mil – dos 163 mil hectares esperados – foram cultivados no pó. Condição de alto risco e que pode resultar na necessidade de replantio dessas lavouras caso a estiagem se estenda por mais uma semana.

Segundo o técnico José Pértille, se o plantio foi feito com um pouco de umidade no solo, a tendência é de que a semente seja sufocada, tente germinar, mas não consiga emergir morrendo antes de brotar. “As sementes sobrevivem um pouco mais debaixo do solo se o solo estiver completamente seco, mas essas áreas precisam de chuva nos próximos dias, pelo menos uns 30 milímetros, menos que isso seria insuficiente para as lavouras se desenvolverem. Esse volume seria suficiente para intensificar o plantio do que ainda resta”, acrescenta.

Apesar de o zoneamento permitir o cultivo do cereal por mais dois meses, a preocupação está em três situações: no frio em períodos cruciais do desenvolvimento das lavouras – em julho e agosto -; o excesso de chuva em outubro que pode provocar o apodrecimento do cereal na lavoura; e um possível atraso da safra de verão, empurrando lá para frente o plantio da soja.

Perdas do milho começam a ser mensuradas

Que ela já existe é fato, mas ainda não foi quantificada. As perdas com o milho safrinha têm aumentado a cada dia sem precipitação. Para recuperação de boa parte das lavouras seriam necessários de 30 a 40 milímetros de precipitação em no máximo dez dias. Mais que isso, avalia o técnico do Deral José Pértille, as perdas se potencializariam em condições mais preocupantes.

Extraoficialmente em alguns municípios, sobretudo nos lindeiros ao Lago de Itaipu, já se fala em redução de 30% na produtividade. Os números não são confirmados, mas a condição é de extrema preocupação.

Hoje, sete em cada dez hectares de milho estão em floração e o restante em frutificação e todos precisam de chuva. Em todo o oeste são 730 mil hectares cultivados com expectativa inicial de produção de mais de 4,5 milhões de toneladas.

Mas afinal, quando choverá?

As previsões não são otimistas para o campo. Ontem havia previsão de chuva para esta sexta-feira e sábado, mas com volumes inexpressivos. O Simepar trata com 100% de probabilidade chover 20 milímetros na região oeste na sexta-feira. Já o Somar Meteorologia indica 17 milímetros para o sábado. Após isso, volta a chover apenas na segunda e na terça, com possibilidade de volumes de 4 e 40 milímetros, respectivamente.

Simepar e Iapar iniciam Alerta Geada

Curitiba – O Alerta Geada começa nesta terça-feira (8) e vai até o fim do inverno, em 22 de setembro. O serviço informa gratuitamente os cafeicultores sobre a probabilidade de ocorrência de geada na região cafeeira com antecedência de 48 e 24 horas.

Ao receberem as mensagens em tempo hábil, os produtores podem adotar medidas de proteção das lavouras, evitando e reduzindo perdas agrícolas.

Uma vez emitida a previsão do Simepar, a equipe de agrometeorologistas do Iapar interpreta as informações e dispara o aviso por e-mail, celular, redes sociais e veículos de comunicação. Além disso, um boletim é divulgado nas páginas do Simepar (simepar.br) e Iapar (iapar.br) e também pode ser acessado pelo Disque Geada – (43) 33914500 – ao custo de uma ligação para aparelho fixo. A persistirem as condições para formação de geada, um aviso de ratificação é enviado até 24 horas antes da ocorrência prevista.

Para receber os avisos, os interessados devem preencher um formulário na página do Iapar.

Outros setores da economia também são beneficiados, como produtores de hortaliças, comércio de vestuário, construção civil e turismo.