Cotidiano

Facebook retira do ar 196 página e 87 perfis

Foram excluídas páginas do MBL e do Movimento Brasil 200, ligada ao ex-pré-candidato Flávio Rocha

São Paulo – O Facebook no Brasil retirou do ar nessa quarta-feira (25) 196 páginas e 87 perfis da rede social como parte da política de combate a notícias falsas. Dentre elas, estavam páginas e contas ligadas a coordenadores do MBL (Movimento Brasil Livre). Também foram alvos outras páginas como a do Movimento Brasil 200, ligado ao ex-pré-candidato à Presidência nas eleições 2018 Flávio Rocha (PRB).

De acordo com o Facebook, os perfis foram removidos após uma investigação que apontou violações à política de autenticidade da plataforma.

Pelo comunicado, a empresa diz que desativou 196 páginas e 87 contas no Brasil por sua participação em "uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação". O comunicado não identifica as páginas ou usuários envolvidos.

48 horas

O procurador da República Ailton Benedito de Souza, do Ministério Público Federal de Goiás, cobrou explicações do Facebook no Brasil quanto à remoção. Benedito solicita a relação de todas as páginas e perfis removidos e a justificativa sobre essa providência para cada um deles. O procurador estabeleceu o prazo de 48 horas para que a empresa acate o pedido, por meio eletrônico.

"Por oportuno, assevero que os dados requisitados são imprescindíveis à atuação do Ministério Público Federal, inclusive eventual propositura de ação civil pública, ao teor do artigo 10 da Lei federal nº 7.347/85, pelo que a falta injustificada ou o retardamento indevido implicará a responsabilidade de quem lhe der causa", escreveu em sua decisão.

Ailton Benedito de Souza é conhecido nas redes sociais por seus posts com pensamentos alinhados com a direita e críticas ao que chama de "esquerdopatas" e outros temas como direitos de LGBTs e debates de gênero.

Defesa

O MBL e Flávio Rocha divulgaram, em suas redes sociais, posicionamentos contrários à medida. "É inaceitável a retirada da página do Brasil 200 do ar pelo Facebook. Uma violência! A que pretexto? Conclamo a bancada do Brasil 2000 no Congresso Nacional a tomar posição sobre essa arbitrariedade. Nem no tempo da ditadura se verificava tamanho absurdo", reagiu Rocha por meio de seu perfil pessoal no Facebook.

O MBL disse, pelo Twitter, que a remoção de páginas foi arbitrária e algumas das contas excluídas tinham “dados biográficos estritos”, como endereço profissional e telefones pessoais. Na nota publicada na rede social, o movimento acusa o Facebook de viés ideológico e de censura contra páginas de direita.

Ainda de acordo com o MBL, as páginas retiradas do ar somavam 500 mil seguidores. No Twitter, o movimento também afirmou que o Facebook “já ligou para alguns coordenadores para oferecer conselhos de marketing e (que) agora excluiu esses mesmos coordenadores acusando-os de serem perfis falsos”. De acordo com o movimento, a empresa baniu da plataforma diversos coordenadores “sem explicação nenhuma”.

Impeachment

O movimento ganhou destaque ao liderar protestos em 2016 pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff, cassada no mesmo ano. Parte da rede removida era administrada por membros “importantes” do MBL, segundo a Reuters. Em um vídeo publicado na página do grupo no Facebook, Renan Santos e Renato Battista, dois dos principais expoentes do movimento, confirmaram que tiveram suas contas desativadas.

As páginas desativadas, como Jornalivre, O Diário Nacional e Brasil 21, variavam de notícias sensacionalistas a temas políticos, de acordo com a Reuters.

Pressão

O Facebook tem enfrentado pressão para combater as contas falsas e outros tipos de perfis enganosos em sua rede. No ano passado, a empresa reconheceu que sua plataforma havia sido usada para o que chamou de “operações de informação” que usaram perfis falsos e outros métodos para influenciar a opinião pública durante a eleição norte-americana de 2016, e prometeu combater as fake news.