Cotidiano

Facebook inflou audiência de vídeos por 2 anos

RIO – O Facebook teria superestimado, por dois anos, o número de usuários que clicam nos vídeos publicados na plataforma, num erro de métrica que impactou o volume de propaganda comprada por grandes anunciantes internacionais, publicou hoje o “Wall Street Journal”. A empresa de Mark Zuckerberg desculpou-se e informou que o erro foi em apenas uma das ferramentas de medição utilizadas pelo gigante do Vale do Silício. Mas a descoberta do problema causou incômodo entre as principais agências globais negociadoras de anúncios.

O comunicado que revelou o problema explicava que a métrica usada pela rede social para o tempo médio de permanência dos usuários nos vídeos estava artificialmente inflada, porque estava apenas computando visualizações de mais de três segundos. A companhia dizia também que estava introduzindo uma nova métrica para corrigir o problema.

Mas, segundo a agência Publicis Media ? que negociou US$ 77 bilhões em anúncios em todo o mundo em 2015 ?, um relato posterior do Facebook mais detalhado revelou que o método de contagem anteriormente adotado superestimou o tempo médio gasto assistindo vídeos, provavelmente entre 60% e 80%.

A audiência inflada pode ter afetado as decisões das empresas sobre quanto gastar em propaganda, elevando a fatia doFacebook em detrimento de outras plataformas, como YouTube e Twitter, e até mesmo das emissoras de TV.

A análise de métricas imprecisas sobre consumo de conteúdo de vídeo no Facebook também tem impacto para as empresas de mídia e publicidade no que diz respeito aos tipos de conteúdo que elas publicam, e em quais formato.

O erro alimenta ainda as discussões sobre o domínio total de empresas como Google e Facebook ? apelidas de “walled gardens” (jardins murados, em tradução livre) ? sobre as métricas e os resultados de audiência e alcance de suas plataformas. As gigantes não permitem que seus números sejam auditados por terceiros.

“Este caso ilumina, uma vez mais, a necessidade absoluta de se ter uma terceira marcação e verificações na plataforma do Facebook. Dois anos de desempenho inflado é inaceitável. “, declarou a Publicis em nota.

Nesta sexta, o Facebook divulgou um pedido de desculpas, assinado por David Fischer, vice-presidente de Negócios e Parcerias de Marketing da empresa.

?A métrica deveria refletir o tempo total gasto na visualização do vídeo dividido pelo número total de pessoas que tocaram o vídeo, mas isso não era feito. Apesar de essa ser apenas uma de muitas métricas que as empresas de marketing observam, nós levamos qualquer erro muito a sério?, afirmou em nota publicada no próprio Facebook.

“Este erro foi corrigido, não impactando o faturamento, e nós notificado nossos parceiros, tanto através dos nossos quadros de avisos quanto através de canais de vendas. Nós também refizemos a métrica para tornar mais claro o que medimos.”, informou, mais cedo, um outro anúncio da empresa.

A notícia é um embaraço para o Facebook, que tem divulgado o rápido crescimento do consumo de vídeo através de sua plataforma nos últimos anos.