Política

Extinção de secretarias em Toledo tem relatório rejeitado

Toledo – Ele votou contra e sozinho. Na manhã dessa terça-feira, em reunião da Comissão de Finanças e Orçamento, o relator do Projeto de Lei 9/2018, enviado pelo Executivo, o vereador Leoclides Bisognin apresentou relatório contrário à extinção de duas secretarias em Toledo. A proposta tem gerado amplo debate na Casa de Leis e na comunidade local.

O projeto altera a legislação que dispõe sobre a estrutura de órgãos e cargos em comissão da administração direta do Município de Toledo, ou seja, também a extinção da Secretaria da Juventude e da Secretaria de Políticas para Mulheres.

A líder de Governo na Câmara, vereadora Janice Salvado (PP), votou favorável à tramitação. “Aprovar que o projeto siga para as demais comissões não significa que não teremos mais debates sobre ele e muito menos que essa é a única chance de analisar o mérito. Minha defesa é que essa comissão precisar manter o foco em suas atribuições e julgar apenas o mérito que lhe compete”, defendeu.

Janice afirmou que defende que o projeto possa ser apreciado e votado: “A representatividade dos vereadores e o resultado do plenário é soberano e creio que a atitude mais democrática é respeitar essa ferramenta”, afirma.

O vereador Albino Corazza Neto (PDT) afirma que a pauta não precisa de urgência, já que a extinção dos cargos seria apenas para o próximo ano. “Eu apresentei uma proposta de economia real, mas fui solenemente ignorado. Não creio que a expectativa seja tão ruim que Toledo não possa manter duas tão importantes pastas”, disse, antes de votar pela continuidade do projeto na Casa de Leis.

VOTO CORAJOSO

Leoclides Bisognin (MDB) leu o relatório e demonstrava ter consciência que seus companheiros de Comissão votariam contra seu relatório. No entanto, Bisognin não foi convencido pela maioria e seguiu na defesa das duas secretarias. “Não podemos ter uma ação pautada em ‘birras’ políticas e que não se justifique como economia real. Perder a qualidade dos serviços não pode ser a única opção para uma cidade de vanguarda como é o caso de Toledo”, declara.

REJEITADO

Obedecendo ao estatuto da Casa de Leis, logo após ter seu relatório rejeitado, o presidente nomeou a vereadora Janice Salvador como a nova relatora. “Não tenho dúvidas de que o projeto vai seguir, mas aconselho que a administração evite o constrangimento da derrota e da pressão popular no plenário, lugar em que a voz do povo será muito mais forte”, declara.

ESPECULAÇÕES

Extraoficialmente, a economia não seria o único nem o motivo mais importante da extinção. O fato de ter feito recentes nomeações, inclusive no primeiro escalão, demonstra que a economia não é prioridade em todos os momentos e ações do governo.

Desde que assumiu, o prefeito Lúcio de Marchi não nomeou secretários para essas pastas, mas pediu que a gestora da Secretaria de Assistência Social, Marisa Cardoso, assumisse os trabalhos, fato que não configura em pagamento adicional à servidora. Mesmo que resolvesse nomear dois novos cargos de primeiro escalão, o dinheiro poupado seria algo em torno de R$ 400 mil.

POSSIBILIDADES

Duas hipóteses são comentadas nos bastidores da política local. Uma das interpretações é de que a pressão política por cargos seria menor com a extinção das pastas, já que Lúcio teria muitos candidatos e poucos cargos disponíveis. O Tribunal de Contas e o limite prudencial são pedras no sapato. Outra teoria é de que no futuro a pasta de Assistência Social seria transformada na Secretaria da Família, englobando todos os trabalhos e as políticas voltadas para as faixas etárias e gêneros. A mudança foi cogitada no passado, mas não teve amparo político para sair do campo das ideias.