Cotidiano

Expurgo na Turquia alcança setores econômicos

ANCARA — O intenso expurgo após o fracassado golpe na Turquia atingiu nesta sexta-feira o mundo dos negócios, com a prisão de três grandes industriais por supostos vínculos com as redes do pregador Fethullah Gulen.

Mustafa Boydak, presidente do conglomerado familiar Boydak Holding Company, foi preso na cidade de Kayseri, no centro da Turquia, anunciou a agência de notícias governamental Anatolia.

Outros dois dirigentes do grupo, Sukru Boydak e Halit Boydak, foram detidos em suas casas. A polícia também procurava o presidente do grupo, Haci Boydak, e Ilyas e Bekir Boydak, contra os quais também foram emitidas ordens de prisão.

O grupo Boydak Holding tem interesses em energia, finanças e móveis, setor no qual possui marcas conhecidas na Turquia, como Istikbal e Bellona.

A economia turca é baseada em grandes grupos familiares, que possuem a maioria das marcas no país. Estas grandes empresas contribuíram para a ascensão política do presidente Recep Tayyip Erdogan.

Na quinta-feira, Erdogan anunciou grandes mudanças dentro do Exército, cuja metade dos generais já está suspensa, na sequência de uma reunião do conselho militar supremo em Ancara. Ele estuda colocar sob controle da presidência as Forças Armadas e a inteligência.

Desde a tentativa de golpe, cerca de 16 mil pessoas foram provisoriamente detidas por um período que pode ir até 30 dias, em função do estado de emergência, implementado após o golpe.

O expurgo de supostos gulenistas é intenso no Exército, nos meios de comunicação, na justiça e na educação.

JORNALISTAS COMPARECEM À CORTE

Nesta sexta-feira, 21 jornalistas detidos deveriam comparecer perante um tribunal de Istambul, segundo agência estatal Anatolia. Vários jornalistas anunciaram no Twitter que iriam manifestar-se perante o tribunal para apoiá-los.

Entre os detidos está Nazli Ilicak, ex-deputada que foi demitida do jornal pró-governamental Sabah em 2013 depois de criticar vários ministros envolvidos em um escândalo de corrupção, orquestrado, de acordo com Ancara, por Fethullah Gülen.