Economia

Exportações: Apesar da queda de 26%, oeste tem segundo melhor semestre da história

Mesmo com queda de 26,6% na comparação com 2019, o primeiro semestre deste ano tem o segundo melhor resultado da história, sendo 17% maior que os valores de 2018

Exportações: Apesar da queda de 26%, oeste tem segundo melhor semestre da história

Cascavel – Após um ano de sucessivos recordes na balança comercial, 2020 fica marcado pelos efeitos da pandemia no mundo e as exportações a partir do oeste do Paraná não poderiam ser diferentes. Mesmo com queda de 26,6% na comparação com 2019, o primeiro semestre deste ano tem o segundo melhor resultado da história, sendo 17% maior que os valores de 2018.

Isso falando em dólares, porque, quando convertidos em reais, os valores exportados ficam ligeiramente superiores aos do ano anterior, devido à desvalorização cambial.

Na região, oito municípios respondem por mais de 95% das exportações, tornando-se referência quando o assunto é comércio exterior. Conforme dados do Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), de janeiro a junho de 2020, eles exportaram US$ 927 milhões, contra US$ 1,262 bilhão registrados no mesmo período do ano passado, e US$ 791 milhões em 2018.

A queda tem basicamente duas grandes explicações: a China comprou US$ 93,8 milhões a menos (-22%) e a região vendeu US$ 214,7 milhões a menos de soja, ambos comparados com o primeiro semestre de 2019.

Foi justamente a soja que afetou drasticamente a balança de Toledo. O Município, que ano passado faturou recordes US$ 291,4 milhões do complexo soja, mantém essa rubrica zerada até agora.

Com queda de 95,7% no semestre, Toledo acumula as maiores perdas no oeste. Contudo, outros quatro municípios também exportaram menos na primeira metade de 2020: Matelândia (-20,25%), Palotina (-15,3%), Foz do Iguaçu (-13,42%) e Cascavel (-10,22%).

Por outro lado, Marechal Cândido Rondon, Medianeira e Cafelândia registraram expressivas altas: 31,9%, 29% e 8,45%, respectivamente.

Recuperação?

Na análise mensal, é possível perceber que a queda nas vendas se acentua a partir de março, quando a pandemia chega ao Brasil. Em termos percentuais, o maior recuo ocorre em maio, com queda de 47% em relação ao mesmo mês de 2019. Junho sinaliza para uma recuperação, com a menor queda proporcional (-27,8%).

Contudo, em termos monetários, é de março a menor perda (US$ 62,245 milhões), com a maior também percebida em maio, de US$ 141,168 milhões exportados a menos que em 2019. No semestre, a diferença é de US$ 335,461 milhões.

Carnes e soja tiveram maiores impactos

 

À exceção de Foz do Iguaçu, que tem a pauta de exportações mais diversificada na região, nos demais municípios os complexos carne e soja foram decisivos para os resultados do semestre.

Cafelândia, por exemplo, exportou 17% a mais na avicultura (US$ 25,5 milhões). Cascavel perdeu 13,7% na avicultura (US$ 17 milhões) e outros US$ 15 milhões em carne bovina e carroçarias para veículos, em contrapartida, vendeu US$ 5,5 milhões a mais de soja e US$ 5,2 milhões a mais de adubos, 17% e 33%, respectivamente.

Marechal Rondon vendeu US$ 16 milhões no complexo soja a mais que em 2019, que puxaram o resultado positivo.

Matelândia trocou aves por suínos: enquanto as exportações de aves caíram US$ 15,9 milhões (-17,8%), as de carne suína cresceram US$ 15,4 milhões (+30,5%), mas a queda de US$ 4,9 milhões (-36%) em outras preparações de carne ajudaram para o resultado ficar negativo no semestre.

Palotina teve perdas significativas no complexo carne (US$ 26,7 milhões) e soja (US$ 3,1 milhões), mas vendeu mais óleo de soja.

Toledo ampliou em US$ 3,3 milhões as exportações do complexo carne (+76,6%), mas deixou de faturar US$ 291,4 milhões do complexo soja, mais US$ 2,6 milhões de milho.

Em Foz, o item com maior influência neste ano foram ladrilhos e placas, com perda de US$ 2,6 milhões (-34%).

China ainda reina absoluta

 

Os recordes de 2019 foram resultado da ampliação da parceria com a China, que comprou 33,44% de tudo o que a região vendeu. Neste ano, o gigante continua reinando absoluto, sendo o destino de 35,4% das exportações do oeste. Contudo, em valores, o país comprou US$ 93,88 milhões a menos neste ano, na comparação com o mesmo período de 2019: US$ 328,38 milhões, contra US$ 422,260 milhões, queda de 22,2%.

Quem ampliou participação no mercado regional foi o Paraguai, de 7,7% para 9,9%, mas que também comprou menos: US$ 91,658 milhões em 2020, contra US$ 97,589 milhões ano passado, queda de 6%.

Houve oscilação entre os demais destinos. Japão, Hong Kong e Cingapura compraram mais neste ano, enquanto Reino Unido, Coreia do Sul, Alemanha e África do Sul compraram menos.

Chamam a atenção movimentos envolvendo três países bastante atingidos pela pandemia: Alemanha, Espanha e França, com expressivas quedas: -64,5%, -80,7% e -96,7%, respectivamente. Todos os valores podem ser conferidos na tabela.

 

Avicultura lidera

Carro-chefe das exportações do oeste, a avicultura sofreu uma queda em valores, mas ampliou sua participação nas vendas para outros países. Neste ano, foram exportados US$ 543 milhões em carnes e miudezas comestíveis de aves, 3,7% a menos que em 2019, mesmo assim, o segmento representou 58,6% das exportações da região.

Ainda no complexo carnes, destaque para a suinocultura, que teve crescimento de 28%, chegando a US$ 86 milhões no semestre.

Já a soja teve revés: queda de 78,8% de grãos e de 68,7% de tortas e outros resíduos.