Cotidiano

?Existe muito a ser descoberto?, diz astrofísico que encontrou novo planeta-anão

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RIO ? Até pouco tempo atrás, o Sistema Solar era composto pelo Sol e nove planetas que o circundam, mas mudanças conceituais e o avanço tecnológico dos equipamentos de observação alteraram o panorama do nosso quintal estelar. Em 2006, Plutão foi rebaixado para uma nova categoria de corpos celestes: os planetas-anões, ao lado de Ceres, Haumea, Makemake e Éris. Na semana passada, essa lista ganhou um novo componente, o 2014 UZ224, ou DeeDee (para ?Distant Dwarf?, anão distante), como foi carinhosamente apelidado pelos descobridores.

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? Nossa busca por corpos no Sistema Solar já resultou na descoberta de aproximadamente 50 novos objetos ? diz David Gerdes, astrofísico da Universidade de Michigan, nos EUA, responsável pela descoberta do DeeDee. ? Nós apenas analisamos uma fração dos nossos dados, então eu estou certo de que existam muitos outros objetos a serem encontrados. Eu espero que algum deles se torne ainda mais interessante que o 2014 UZ224.

O novo planeta-anão está localizado num sistema depois de Netuno, conhecido como Cinturão de Kuiper. De acordo com as medições, a órbita do DeeDee varia entre 5,7 bilhões de quilômetros na sua aproximação máxima do Sol e 27 bilhões de quilômetros, aproximadamente 4,5 vezes a distância de Plutão em relação ao centro do Sistema Solar.

O planeta 2014 UZ224 mede aproximadamente 530 quilômetros de diâmetro, cerca de metade do tamanho de Plutão, e completa uma volta ao redor do Sol a cada 1.136 anos. Ele é o segundo objeto conhecido de seu tipo mais distante do Sistema Solar. E por causa da distância e de seu tamanho, as observações são difíceis de serem realizadas.

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No ponto atual de sua órbita, DeeDee está a 13,6 bilhões de quilômetros do Sol. Apenas o planeta-anão Éris, do tamanho de Plutão, está mais distante. De lá, o Sol teria brilho semelhante ao de uma estrela.

? Objetos além de Netuno são extremamente distantes e fracos, então se tornam difíceis de detectar mesmo com telescópios potentes ? explica Gerdes. ? O 2014 UZ224, por exemplo, é tão fraco como a chama de uma vela a 150 mil quilômetros de distância. Quando construirmos instrumentos mais sensíveis poderemos ver o Sistema Solar com olhos mais poderosos, e poderemos continuar fazendo descobertas.

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As imagens do planeta-anão foram captadas por um telescópio instalado no Chile, pelo projeto Dark Energy Survey, criado para determinar por que a expansão do Universo está se acelerando. Os astrônomos vasculham imagens de galáxias e supernovas distantes e, de vez em quando, encontram corpos que se movem, como o 2014 UZ224. A busca é feita por um algoritmo, que analisa imagens em sequência e sinaliza quando algum padrão é encontrado.

ESPECULAÇÕES SOBRE O PLANETA NOVE

A descoberta alimenta ainda mais as especulações sobre a existência de um nono planeta em nosso Sistema Solar. A tese sobre o Planeta Nove surgiu em 2014, como uma forma para explicar a órbita de corpos distantes, que teriam seus trajetos em torno do Sol afetados pela gravidade de alguma desconhecida massa gigantesca nos confins do nosso sistema.

? No seu ponto mais distância, o 2014 UZ224 orbita a 27 bilhões de quilômetros. Entretanto, isso não é distante o suficiente para ser influenciado pelo Planeta Nove. Então, infelizmente, este objeto não nos fornece nenhuma informação nova sobre a existência ou localização do Planeta Nove ? diz Gerdes. ? Mas a combinação e a profundidade da nossa pesquisa na área nos coloca em uma posição excelente para encontrar o Planeta Nove, se ele estiver em algum lugar distante, lá fora. E a descoberta de DeeDee é um sinal promissor da nossa capacidade de encontrar novos objetos muito distantes.