Cotidiano

Executiva do PT ignora plebiscito defendido por Dilma

SÃO PAULO ? O PT ignorou o plebiscito proposto pela presidente afastada, Dilma Rousseff, em resolução aprovada pela Executiva do partido nesta terça-feira. O tema acirrou as divisões internas do partido no último mês. Uma outra decisão tomada na reunião da Executiva, a de adiar o encontro partidário marcado inicialmente para dezembro, aprofundou as desavenças entre o grupo que comanda o partido e as correntes de esquerda.

O texto aprovado nesta terça-feira, porém, defende Dilma e mantém a tese do “golpe” propagada desde o início do processo de impeachment. A corrente Mensagem, segundo maior força interna, queria a aprovação de uma resolução em que o partido assumisse a bandeira do plebiscito para a convocação de novas eleições,

? A questão (do plebiscito) está posta por ela. Ela se dispõe, voltando à Presidência, a propor a convocação de um plebiscito. Cabe ao Senado, por maioria simples, convocar um plebiscito ? justificou o presidente da legenda, Rui Falcão, ser questionada sobre a ausência de referências ao plebiscito na resolução.

No começo do mês, Falcão havia declarado que não considerava viável a proposta do plebiscito porque, se todos os trâmites forem seguidos, a nova eleição aconteceria apenas em 2018, ano de renovação do mando presidencial. O secretário de Formação do PT, Carlos Árabe, acusou, na época, o presidente de querer colocar o partido “quietinho” na oposição e questionou a sua permanência no cargo.

Essa divergência ganhou um novo capítulo nesta terça-feira com o adiamento do encontro do partido de dezembro deste ano para março de 2017. O encontro tem o objetivo de definir os novos rumos da legenda e poderia, inclusive, definir o encurtamento do atual mandato da direção da sigla, que acaba no final do próximo ano.

Em nota, assinada pelas correntes Mensagem, Articulação de Esquerda, Avante S21 e Militância Socialista, os petistas dizem que foram “surpreendidos” com a decisão da Executiva e que o partido precisa de “mudanças de rumo”.

Falcão alegou que o encontro precisou ser adiados porque há um indefinição sobre as normas e que ainda não houve debate nos estados sobre o temas que serão levadas para a reunião. Mas o presidente do PT reconheceu que há pressão para renovação da direção.

? Tem gente que propõe renovar a direção no encontro. Existe esse debate de antecipar ? disse Falcão, acrescentando que com o encontro ocorrendo em março não haveria tempo hábil para realizar eleições internas antes do segundo semestre de 2017. A votação dos petistas para escolher um novo comando está marcada para novembro.