Cotidiano

Exames para avaliar morte cerebral são procedimento padrão, dizem médicos

SÃO PAULO – A ex-primeira-dama Dona Marisa Letícia deve passar por um protocolo de avaliação de morte cerebral ao longo desta sexta-feira, segundo informou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua página na rede social. Ela passará por dois exames com um intervalo de seis horas para comprovar a perda definitiva e irreversível das funções cerebrais, o que é um procedimento padrão, segundo médicos ouvidos pelo GLOBO.

De acordo com Leonardo Borges, coordenador da Organização de Procura de Órgãos do Hospital das Clínicas em São Paulo, existe uma resolução do Conselho Federal de Medicina que determina os critérios para fazer o diagnóstico.

– Para se constatar a morte encefálica precisam ser feitos alguns exames clínico-neurológicos, testar reflexos. No caso de pacientes acima de 2 anos, um outro médico precisa repetir todos esses exames seis horas depois. Além disso, exames complementares são necessários para avaliar a ausência de fluxo sanguíneo no cérebro – explica.

No entanto, para dar início aos exames, a gerente do serviço de Neurologia do Hospital Albert Einstein Gisele Sampaio explica que há necessidade de esperar que os efeitos do sedativo passem.

– Precisamos esperar o efeito do sedativo passar para realizar o exame físico-neurológico, onde verificamos os reflexos do paciente, e termos certeza de que o diagnóstico anterior não teve influência dos remédios. E aí realizamos mais um complementar, seis horas depois, para termos certeza do diagnóstico – detalha Gisele.

De acordo com Custódio Michailowsky, neurologista do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, é necessário que a sedação do paciente tenha sido suspensa por 48 horas.

O neurointensivista do Hospital Copa D’Or Bernardo Liberato explicou que a morte só pode ser atestada depois de realizado o último exame.

– Por questões legais, só atestamos a morte após o último exame. Aí sim notifica-se a central de órgãos.