Cotidiano

Ex-tesoureiro do Partido Progressista é denunciado na Lava-Jato

SÃO PAULO – O ex-tesoureiro do Partido Progressista (PP) João Claudio Genu foi denunciado na Lava-Jato por ter recebido mais de R$ 6 milhões em propina desviada da Petrobras. O ex-assessor parlamentar do ex-deputado José Janene também foi denunciado pelos crimes de pertinência à organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro envolvendo valores provenientes do esquema instalado na diretoria de abastecimento da estatal.

Os procuradores da Operação também ofereceram denúncia contra Lucas Amorin Alves, Jayme Alves de Oliveira Filho, Rafael Ângulo Lopes e Carlos Rocha (?Ceará?) pela participação no esquema de corrupção da Petrobras, além de Cláudia Contijo Genu, a mulher de Genu, pelo crime de lavagem de dinheiro. Ele foi preso preventivamente na 29ª fase da operação Lava-Jato, chamada de Repescagem.

Segundo as investigações, Genu era um dos beneficiários e articuladores do esquema, recebendo um percentual fixo da propina destinada ao PP. De acordo com os procuradores, o ex-assessor permaneceu associado de forma estável à organização pelo menos até a deflagração da Lava-Jato, em março de 2014. Como provas, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou planilhas de propina, depoimentos de colaboradores, e-mails e conversas por aplicativo de mensagens que comprovam a influência de Genu nos negócios do grupo, dentre outras evidências. Foram identificadas também diversas visitas de Genu a Alberto Youssef, em registros da portaria dos escritórios do doleiro, entre 2011 e 2014.

Ainda é atribuído a Genu o crime de corrupção passiva, por ter atuado com Paulo Roberto Costa, então diretor de abastecimento da Petrobras, para solicitação e aceitação de propina entre 2007 e 2012, correspondente a 1% dos contratos celebrado entre a área de abastecimento da companhia e as empreiteiras Engevix, Galvão Engenharia, Camargo Corrêa, UTC Engenharia, Mendes Júnior e OAS. Para o desvio de recursos públicos, segundo investigadores, as empreiteiras fechavam contratos fictícios com empresas de fachada de Youssef, em montante que chegou a mais de R$ 62 milhões. Logo depois, Youssef fazia saques em espécie ou operações de dólar-cabo para disponibilizar recursos aos beneficiários finais do esquema criminoso.

Segundo a denúncia, do valor total desviado entre meados de 2008 e 3 de julho de 2013, Genu recebeu, diretamente, os valores de R$ 4 milhões, R$ 475 mil e R$ 1 milhão, por intermédio de remessas periódicas de dinheiro em espécie feitas por Youssef. Para concretizar o negócio, na maioria das vezes, o doleiro se servia dos emissários Rafael Angulo, Jayme Alves e Carlos Rocha, o ?Ceará?, todos denunciados por corrupção passiva. Em outros momentos, o doleiro também utilizava a estrutura de lavagem de dinheiro montada no Posto da Torre, em Brasília, para o envio de propina. Neste caso, Genu contou com a ajuda do seu sócio, Lucas Amorin Alves, também denunciado, para a retirada dos valores no local.

O ex-tesoureiro do PP e sua mulher, Cláudia Contijo Genu, também foram denunciados pelo crime de lavagem de dinheiro. De acordo com o MPF, para ocultar os recursos ilícitos e dar aparência lícita a eles, Genu disponibilizou recursos em espécie para Cláudia adquirir joias no valor de R$ 134 mil em uma loja especializada em Brasília, entre 2013 e 2014. Elas não foram declaradas pelo casal, que não teria recursos para a compra nem declarou os bens à Receita Federal. Para o MPF, Cláudia tinha conhecimento direto da procedência do dinheiro, considerando que, na época, Genu já tinha sido condenado no processo do Mensalão pelo saque em espécie de aproximadamente R$ 1,1 milhão das contas das empresas de Marcos Valerio no Banco Rural.