Política

Ex-secretários contestam Berté

O ex-secretário de Obras, Jorge Lange, e o ex-presidente do IPC (Instituto de Planejamento de Cascavel), Fernando Dillenburg, desmentiram ontem declarações do ex-secretário de Meio Ambiente, Juarez Berté, sobre a polêmica envolvendo a construção do EcoPark no Bairro Morumbi. A troca de um tubo de metal por concreto é questionada e gera desentendimentos entre membros da gestão atual do prefeito Leonaldo Paranhos.

Lange e Dillenburg apresentaram um documento demonstrando que Berté teria recebido o pedido de aditivo, engavetado pelo ex-secretário de Meio Ambiente. “Ele assinou [a solicitação de aditivo] e depois segurou com ele. O documento foi encontrado no processo de tramitação de projetos no dia 13 de setembro, também com nome da servidora Sonia Servenini, pedindo o encaminhamento do aditivo ao prefeito, que era a autoridade que tinha que tomar decisão”, diz Dillenburg.

Embora a todo o momento Berté tenha alegado que a autorização para a troca dos materiais seria de responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente, Lange e Dillenburg dizem que cabe a Secretaria de Obras essa decisão. “Conforme a lei 6.792 em nenhum momento há escrito que a função da Secretaria de Meio Ambiente é fiscalizar obras”, diz Dillenburg.

Outra declaração contestada está relacionada a supostas notas ficais encaminhadas à Secretaria de Meio Ambiente para pagamento de serviços no EcoPark. “Essa obra nunca teve uma medição no bueiro. Primeiro ocorre o aditivo, para depois avaliar pagamentos”, diz Lange.

Mesmo com a solicitação de mais prazo pela empresa contratada, a Secretaria de Planejamento avaliou especificamente a autorização arquitetônica, estudo hidrológico da vazão, durabilidade e redução de R$ 200 mil no custo da obra. “Seria no mínimo incompetência de quem está gerindo o Programa [de Desenvolvimento Integrado] não olhar para todos esses aspectos”, diz Dillenburg.

 

RESISTÊNCIA

Jorge Lange diz que Juarez Berté, ex-secretário de Meio Ambiente, foi implacável contrariando o posicionamento de pelo menos 14 técnicos (entre eles engenheiros e uma servidora ligada ao Tribunal de Contas), que a troca de materiais para a execução da ponte do EcoPark não traria prejuízos ao Município. “Ele dizia: ‘Esse parecer não serve, sou advogado´”.

O documento sobre o aditivo deveria apenas tramitar pela Secretaria de Meio Ambiente e depois ser encaminhada ao prefeito, Leonaldo Paranhos – o que não ocorreu. “Em conjunto tomaríamos uma atitude correta. Porém, esse papel nunca apareceu e até hoje não chegou as mãos do prefeito. Houve uma negligência”, diz Dillenburg.

 

FISCALIZAÇÃO

Lange e Dillenburg disseram durante entrevista que na obra existe a necessidade de ter um fiscal de contrato, que deveria ter comunicado a Secretaria de Planejamento e a UCT – que não foi feito. “Houve negligência. É necessário que o fiscal do contrato acompanhe a obra e comunique qualquer irregularidade”, afirma o ex-secretário de Obras, que reforça a necessidade de formação técnica na área desse fiscal para verificação do serviço.

“Temos que ser malandro no serviço público”

Dillenburg fez declarações polêmicas durante entrevista coletiva, ao ser questionado sobre uma autorização verbal para que os materiais da ponte fossem trocados. “Sempre disse a minha equipe: Temos que ser malandro no serviço público. E a maior malandragem que um servidor público pode fazer é fazer a coisa certa. Se fizer a coisa certa ninguém vai poder acusar e vai poder encarar as pessoas olhando nos olhos”.

O ex-presidente do IPC (Instituto de Planejamento de Cascavel) disse que a empresa decidiu antecipadamente trocar o material para ganhar tempo, sem autorização da Prefeitura. Dillenburg encerrou a coletiva argumentando que essa será a última vez que falará publicamente sobre o caso – responderá apenas se for convocado pelo Legislativo.

 

Berté reafirma existência de nota

O ex-secretário de Meio Ambiente, Juarez Berté, reafirmou ontem a existência da nota cobrando serviços do EcoPark. “Existe a nota para a cobrança do reaterro. Pode ser que houve engano, mas a nota chegou a Secretaria”.

Sobre o engavetamento do pedido de aditivo, Berté disse que não havia motivos para a aprovação, por isso, ele seguiu os tramites. “Não seguiu em frente por não ter justificativa. Não havia os documentos necessários. Se eram eles que mandavam, como dizem que eu segurei [o aditivo]”, inadagou.

Sobre a coletiva envolvendo o ex-secretário de Obras, Jorge Lange, e o ex-presidente do IPC (Instituto de Planejamento de Cascavel), Fernando Dillenburg, Berté finalizou dizendo que “não há como explicar o inexplicável”.

Legenda: Documento repassado pelo ex-secretário sobre possível cobrança do Ecopark

FOTO: REPRODUÇÃO

Legenda 2: Berté diz que “não há como explicar o inexplicável”