Cotidiano

Ex-ministro Paulo Bernardo recebeu mais de R$ 7 milhões em propina

SÃO PAULO. O esquema de fraudes que levou à prisão o ex-ministro Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), nesta quinta-feira, movimentou R$ 100 milhões em propinas entre 2010 e 2015 apenas com um convênio para gerenciamento e controle dos empréstimos consignados tomados por servidores públicos federais. Segundo a investigação, apenas Paulo Bernardo recebeu mais de R$ 7 milhões de propina relativos ao negócio. Ele continuou a receber os pagamentos mesmo depois de ter deixado o cargo.

Por cada parcela paga a empresa conveniada, a Consist, cobrava R$ 1, dos quais apenas R$ 0,30 correspondia de fato ao custo de seus serviços. O restante – R$ 0,70 – era distribuído aos chamados “parceiros” da empresa, os destinatários de propina, que se distribuiam do primeiro ao terceiro escalão do Ministério do Planejamento.

Uma parte do dinheiro também era paga como propina ao PT, que tinha seu percentual gerenciado por João Vaccari Neto, que era tesoureiro do partido e já foi condenado em ações da Lava-Jato. Assim como ocorreu em contratos da Petrobras, segundo as investigações, Vaccari teria pedido que a empresa fizesse pagamentos a terceiros.

– É um exemplo de como a corrupção e a sonegação prejudicam o cidadão e aumentam o custo das operações. A corrupção é irmã gêmea da sonegação, elas andam juntas – disse Fábio Ejchel, da Receita Federal e integrante da equipe de investigações em São Paulo, que foi desmembrada da Lava-Jato.