Cotidiano

Ex-ministro bate Valls e será o candidato socialista na França

FRANCE-ELECTION_PRIMARY

PARIS – As primárias do Partido Socialista (PS) definiram o ex-ministro Benoît Hamon, crítico da guinada liberal do governo de François Hollande, como o indicado da legenda para as eleições presidenciais. Segundo resultados parciais, Hamon, membro da ala mais à esquerda do PS, obteve cerca de 58% dos votos contra 42% do ex-primeiro-ministro Manuel Valls, grande aposta de Hollande e quem renunciou ao cargo para disputar as prévias.

Ex-ministro da Educação, Hamon ? que contra todos os prognósticos liderou a primeira rodada das primárias socialistas na França ? é mais à esquerda que os aspirantes à vaga. Ele conseguiu colocar no centro do debate medidas como a atribuição de um salário universal de ?750 a todos os franceses maiores de idade, além de propostas como a legalização da maconha e a redução das penas de prisão, que seduziram novos eleitores, sobretudo jovens. Para ele, Para ele, a renda básica seria uma ?proteção social do século XXI?, resposta à queda dos empregos no país e da revolução digital.

Expulso do governo de François Hollande por suas críticas em 2014, como deputado se absteve de votar reformas legalistas. Agora, sua primeira medida anunciada é o aumento do Rendimento Social (RSA) em 10%, de modo a atingir os ? 600, até 2018. Um valor que também seria transferido para todos os jovens dos 18 aos 24 anos, depois de uma análise de seus rendimentos.

Ele ainda propõe a criação deum imposto para as riquezas geradas por máquinas e robôs para financiar a seguridade social.

?Quando um trabalhador é substituído por uma máquina, a riqueza gerada beneficia principalmente acionistas, por isso proponho que se que pague um imposto?, explica no seu programa.

As propostas seduziram principalmente os jovens, que lotavam suas reuniões onde Hamon defendia uma ?nova maneira de fazer política? ou um ?verdadeiro socialismo?. Ele critica, dentre outras coisas, a ?busca incessante do crescimento econômico?, afirmando que não fazia sentido ?em um mundo onde os recursos naturais são limitados?. Na era do consumo, defende um modelo de parceria social, solidária e colaborativa.

Hamon, que começou na vida política como ativista estudantil, na década de 1980, é formado em História e filho de uma secretária e de um pedreiro que mais tarde virou engenheiro. Nasceu na zona portuária no noroeste da França, antes de se mudar para o Senegal ? onde viveu parte de sua infância. Começou a militar aos 19 anos no Partido Socialista (PS) francês e se converteu em presidente das juventudes socialistas em 1993, aos 26 anos.

No fim da década de 1990, trabalhou como assessor Martine Aubry, ministra de Trabalho e criadora da semana laboral de 35 horas. Em 2008, tornou-se porta-voz do PS quando Aubry se converteu na primeira-secretária de formação.