Cotidiano

Evento climático que dizimou o café completa 40 anos

Produção reduziu drasticamente e milhares de agricultores ficaram desempregados

Cascavel – Uma das cenas mais tristes da agricultura paranaense completa hoje 40 anos. A geada negra de 18 de julho de 1975, que reduziu a zero a cafeicultura no Estado, deixou aproximadamente 300 mil lavradores desempregados e prejuízos incalculáveis.

A região Norte foi a mais afetada, provocando o êxodo rural de 1,2 milhão de pessoas e o desenvolvimento desorganizado das cidades. Os pés de café totalmente queimados puderam ser vistos pelos agricultores depois de derretida a camada de gelo que cobria todo o estrago.

O agricultor Arlindo Alves Costa foi um dos personagens dessa trágica história. Ele lembra que havia uma expectativa muito grande em relação àquela safra. Entretanto, a madrugada de 18 de julho mudou todos os planos da família.

“Não sobrou nada, perdi tudo e precisei começar do zero. Só plantava café, então tinha apostado tudo nessa cultura”, recorda. A geada negra levou cerca de dois alqueires de café.

O reflexo disso foi o fortalecimento da soja e do milho entre os agricultores que ainda tinham condições de trabalhar na zona rural, além da migração do homem do campo à cidade. Arlindo foi um dos que precisaram recomeçar, vendeu o sítio para pagar os prejuízos e seguiu a Curitiba para trabalhar no setor secundário.

Segundo o chefe regional da Seab (Secretaria de Abastecimento e Agricultura) de Cascavel, Manoel Chaves, os cafezais totalmente erradicados afetaram a economia estadual.

“Havia colônias de casas nos sítios em que se plantava café e lá moravam várias pessoas que movimentavam o comércio nas comunidades rurais. Todo mundo ficou sem emprego e foram para a cidade. Isso provocou uma grande mudança na economia paranaense”, explica Chaves.

Região Oeste

A região Oeste, segundo Manoel Chaves, não possui vocação para o café. Isso porque quase todo o inverno há registro de geada e clima muito frio, o que dificulta o desenvolvimento da cultura.

“Os poucos produtores de café da região estão em Jesuítas e Iracema do Oeste”, ressalta.

(Com informações de Marina Kessler)