Cotidiano

EUA atacam Netanyahu por romper promessas com novo assentamento

WASHINGTON – Em um tom pouco habitual da diplomacia dos EUA, o governo criticou com dureza o governo israelense por não cumprir a promessa de parar a construção de novos assentamentos. Na quarta-feira, o premier Benjamin Netanyahu propôs uma nova colônia na ocupação de Amona, na Cisjordânia, considerada ilegal por toda a comunidade internacional. Para o Departamento de Estado americano, Jerusalém atacou o fato de a decisão israelense ter sido tomada logo após os países fecharem o acordo de apoio militar mais caro da História dos EUA.

?Condenamos fortemente a decisão recente do governo israelense de dar avanço a um plano que criaria um novo e significativo no coração da Cisjordânia?, acusou o porta-voz da diplomacia Mark Toner, alertando que a decisão prejudica ?ainda mais? as chances de implementar uma solução pacífica de dois Estados na região. ?A aprovação contradiz outras declarações públicas do governo de Israel de que não tinha intenção de criar novos assentamentos. E esta colônia, muito mais perto da Jordânia que de Israel, geraria uma série de postos de controle que efetivamente dividiriam a Cisjordânia e deixariam a possibilidade de criar um Estado palestino ainda mais remota.?

De acordo com o plano de Netanyahu, 98 novas unidades residenciais seriam construídas perto do assentamento de Shvut Rachel, ao Leste de Ramallah, para substituir construições em Amona ? colônia que será esvaziada em dezembro. Há ainda a possibilidade que outra 300 residências adicionais sejam construídas na área, além de uma zona industrial.

?Os israelenses precisam se decidir entre expandir os assentamentos e preservarem a possibilidade de uma solução pacífica. Proceder com esta nova ação é outro passo para cimentar uma realidade de um Estado único de ocupação perpétua, o que é fundamentalmente inconsistente com o futuro de Israel como um Estado judeu e democrático. Isto provocará apenas a condenação da comunidade internacional e distanciar Israel de muitos dos muitos dos seus parceiros?, completou.

Toner ainda afirmou que é ?profundamente problemático? que a decisão tenha sido anunciada semanas após os EUA prometerem conceder US$ 38 bilhões em ajuda militar para Israel nos próximos dez anos, em troca de benefícios pontuais. Toner ainda lembrou que o projeto vem dias após a morte do ex-presidente Shimon Peres ? um dos idealizadores das colônias, mas que nas últimas décadas fora um dos mais enfáticos defensores de uma solução pacífica entre os dois povos.

O governo de Barack Obama tem sido duro na retórica contra a dificuldade das autoridades israelenses em busca conciliação com as autoridades palestinas. Em 2009, o premier israelense disse ao presidente americano que não levaria adiante novas colônias, mas expandiu várias das já existentes no período. Ele prometeu, inclusive nos últimos meses, levar adiante as intenções de negociação com a Autoridade Nacional Palestina para tentar achar um caminho para um Estado palestino.

Opositores de Netanyahu também atacaram a decisão no Parlamento. Erel Margalit, da União Sionista (centro), disse que os ?interesses políticos de Netanyahu triunfaram novamente sobre os interesses de defesa de Israel? e ?ampliam a rixa com os EUA e o resto do mundo?. Michal Rozin, do Meretz (esquerda), acusou o premier de se contradizer e ?promover uma armadilha?.

? A ligação da construção do assentemento e o acordo de defesa com os EUA nos alerta para o perigo no futuro ? criticou. ? Se o governo seguir cuspindo nos rostos dos laços estratégicos com os EUA, estaremos em breve diante de um risco de segurança como nunca vimos antes.