Cotidiano

Estudo: Política de 2 filhos na China não vai levar a explosão demográfica

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BEIJING ? A permissão para que cada casal tenha dois filhos na China, concedida no início do ano, irá afetar pouco o aumento da população, prevê um estudo publicado nesta sexta-feira no periódico ?Lancet?. Ao mesmo tempo, os pesquisadores recomendam que o país estenda a idade da aposentadoria para compensar uma esperada queda na força de trabalho.

A política de um filho por casal foi criada em 1979 com o objetivo de limitar o rápido aumento demográfico e promover o desenvolvimento econômico. Ela foi, porém, revisada recentemente sobretudo para contrabalançar o envelhecimento da população. Com 1,37 bilhão de pessoas, a China tem hoje a maior população do mundo. Segundo o estudo publicado nesta sexta-feira, o país terá 1,45 bilhão de pessoas em 2029, comparado com um pico de 1,4 bilhão em 2023 se a ?política do um filho? tivesse continuado.

Zeng Yi, pesquisador da Universidade de Pequim e um dos autores do estudo, afirmou que esta foi a primeira análise a considerar as diferenças entre ambiente urbano e rural e os efeitos da migração na quantificação do crescimento populacional.

A pesquisa prevê que a taxa de fertilidade total vai crescer dos atuais 2.01 nas áreas rurais e 1.24 nas areas urbanas para 2.15 e 1.67, respectivamente, na próxima década. Os dados levam em conta o nível sócio-econômico mais baixo nas áreas rurais e o fato de que algumas minorias étnicas têm permissão para ter três ou mais filhos. A fertilidade total prevista para 2030 é de 1.81.

Para Cai Yong, demógrafo da Universidade da Carolina do Norte, que não está envolvido no estudo, esta projeção para 2030 é ?muito otimista?. Ele diz que a baixa fertilidade no país ?não é mais um resultado da política restritiva? e que os chineses estão tendendo a investir seus recursos em apenas um filho ?de qualidade?, em vez de muitas crianças.

? Apesar de ninguém ter uma bola de cristal para prever o futuro, temos amplas evidências empíricas que sugerem que a fertilidade na China ficará baixa depois de um pequeno salto correspondente ao início da política de um filho ? escreveu Yong por e-mail.

Segundo os autores do estudo no ?Lancet?, da Inglaterra e da China, as mudanças da nova política no país asiático só farão efeito contra a diminuição da força de trabalho e o envelhecimento da população daqui a duas décadas. Eles recomendam que o governo aumente ?a excepcional baixa idade de aposentadoria compulsória? de 50 ou 55 anos para mulheres e 60 para homens, amplie a cobertura previdenciária e estimule a prática tradicional de três gerações vivendo sob o mesmo teto.

Enquanto autoridades creditam à política de uma criança a prevenção de 400 milhões de nascimentos extras, muitos demógrafos argumentam que a taxa de fertilidade teria caído de qualquer maneira conforme o desenvolvimento econômico e os níveis educacionais se ampliaram.