Cotidiano

Estudo inédito mostra o panorama do suicídio

Brasília – Em alusão ao Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio, o Ministério da Saúde divulgou ontem o primeiro Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil. Um dos alertas é a alta taxa de suicídio entre pessoas com mais de 70 anos. Nessa faixa etária, foram registradas média de 8,9 mortes por 100 mil nos últimos seis anos. A média nacional é 5,5 por 100 mil. Também chamam atenção o alto índice entre jovens, principalmente homens, e indígenas. O diagnóstico inédito vai orientar a expansão e a qualificação da assistência em saúde mental no País.

O Ministério da Saúde, com base nos dados do boletim, lança uma agenda estratégica para atingir meta da OMS (Organização Mundial da Saúde) de redução de 10% dos óbitos por suicídio até 2020. Entre as ações, destacam-se a capacitação de profissionais, orientação para a população e jornalistas, a expansão da rede de assistência em saúde mental nas áreas de maior risco e o monitoramento anual dos casos no País e a criação de um Plano Nacional de Prevenção do Suicídio. Desde 2011, a notificação de tentativas e óbitos é obrigatória no País em até 24 horas.

O diagnóstico registrou que entre 2011 e 2016 houve 62.804 mortes por suicídio, a maioria (62%) por enforcamento. Os homens concretizaram o ato mais do que as mulheres, correspondendo a 79% do total de óbitos. Solteiros, viúvos e divorciados foram os que mais morreram por suicídio (60,4%). A taxa de mortalidade entre os índios é quase três vezes maior (15,2) do que o registrado entre brancos (5,9) e negros (4,7).

Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é maior entre os homens, cuja taxa é de 9 mortes por 100 mil habitantes. Entre as mulheres, o índice é de 2,4 por 100 mil. Na população indígena, a faixa etária de 10 a 19 anos concentra 44,8% dos óbitos.

Entre os anos de 2011 e 2016 ocorreram 48.204 tentativas de suicídio. Nesse caso, a maioria mulher (69%).

Fatores de riscos

Entre os fatores de risco para o suicídio estão transtornos mentais, como depressão, alcoolismo, esquizofrenia; questões sociodemográficas, como isolamento social; psicológicos, como perdas recentes; e condições clínicas incapacitantes, como lesões desfigurantes, dor crônica, neoplasias malignas. No entanto, tais aspectos não podem ser considerados de forma isolada e cada caso deve ser tratado no Sistema Único de Saúde conforme um projeto terapêutico individual.