PARIS ?Policiais e estudantes entraram em confronto durante um protesto contra a violência policial em Paris. Pelo menos 26 pessoas foram detidas durante a manifestação, acusadas de roubo e vandalismo. Estudantes montaram barricadas e atearam fogo em lixos, nesta quinta-feira, para impedir o acesso a dezenas de escolas. Ao todo, 28 institutos de ensino ficaram totalmente e parcialmente bloqueados. A manifestação é contra a agressão sofrida pelo jovem negro Théo, de 22 anos, que foi espancado e estuprado com um cassetete por quatro policiais parisienses no inicio do mês.
Os estudantes tentaram forçar um bloqueio policial montado durante uma passeata na Place de la Nation, na zona leste da capital francesa. Os agentes lançaram gás lacrimogênio contra os manifestantes, que responderam jogando pedras. Algumas pessoas encapuzadas saquearam carros e caixas eletrônicos.
Os protestos vêm após policiais terem detido um jovem negro no início do mês. Théo, de 22 anos, foi detido em Aulnay-sous-Bois, no subúrbio de Paris. Durante a ação, os agentes teriam sodomizado o jovem com um cassetete. Um dos policiais está sob investigação formal por suspeita de estupro, enquanto os outros três que também participaram da prisão são investigados por uso desnecessário de violência.
? Muito policiais cometem abusos (…) Este caso foi a gota d’água ? explicou o estudante Kitem, que participou da manifestação, convocada por movimentos antifascistas
No início do mês, mais de 200 pessoas foram presas durantes as manifestações, algumas delas violentas. Os distúrbios trazem à memória as manifestações de 2005, que começaram após dois jovens terem morrido eletrocutados quando tentavam se esconder da polícia. Na época, cerca de 10 mil carros e 300 imóveis foram incendiados.
HISTÓRICO DE PROTESTOS
Casos de violência policial já aconteceram em outras ocasiões na França. Centenas de manifestantes foram às ruas depois que dois adolescentes morreram eletrocutados enquanto se escondiam da polícia, nos subúrbios de Paris. Zyed Benna, de 17 anos, e Bouna Traoré, de 15, estavam voltando para casa após passarem a tarde jogando futebol. Quando viram um automóvel de policiais estacionar próximo a eles, os dois jovens muçulmanos fugiram e se esconderam em uma subestação de energia. Após investigações, foi comprovado que os adolescentes não tinham cometido nenhum crime. Eles apenas fugiram por terem avistado os policiais. Advogados da família protestaram contra a polícia por ter perseguido os garotos apenas por que eles estavam correndo.
Paris também foi palco de protestos em 2015, quando o jovem negro Adama Traore, de 24 anos, morreu sob custódia da polícia, pouco tempo depois de ser detido na cidade de Beaumont-sur-Oise. Após uma autópsia, autoridades revelaram que Traore tinha uma forte infecção e seu corpo apresentava sinais de violência. O jovem foi levado sob custódia ao tentar impedir que seu irmão fosse preso por extorsão. Uma investigação foi aberta na época após alegações de que a polícia estaria tentando encobertar a morte de Traore.
