Cotidiano

Estreia da Nat Geo,?Marte? mistura elementos ficcionais e documentais

RIO ? Acomparação é inevitável. ?Marte?, a mais ambiciosa série já produzida pelo canal Nat Geo, com estreia no Brasil no próximo dia 13, passeia pelo mesmo terreno explorado por Matt Damon em ?Perdido em Marte?. Porém, ao contrário do filme de Ridley Scott, baseado no livro de Andy Weir, ?Marte? é um produto híbrido, mezzo ficção, mezzo documental, estritamente baseado em fatos científicos, cioso de qualquer relação mais íntima com a ficção científica. A produção, que leva a assinatura da dupla Ron Howard e Brian Grazer (?Apollo 13 ? Do desastre ao triunfo?), tem pré-estreia do primeiro dos seis episódios amanhã para assinantes do NatGeoPlay, no celular ou no computador.

? Não pude usar nada que não fosse um retrato exato, de acordo com os especialistas, do que uma futura missão a Marte seria ? diz o diretor da série, o mexicano Everardo Gout.

Cabeças coroadas da Nasa e luminares como a engenheira espacial Jennifer Trosper, o diretor do Planetário Hayden do Centro Rose para a Terra e o Espaço, Neil DeGrasse Tyson, o CEO da SpaceX, Elon Musk, e o próprio Weir não só ofereceram consultoria como são destaques da parte documental de ?Marte? em reveladoras entrevistas. A ação se dá em dois planos: em 2016 ? com um raio x das tentativas (na vida real) de se desenvolver tecnologia para chegar a Marte ? e em 2033 ? com o sonho realizado na ficção, com os astronautas comandados pelo americano Ben Sawyer (papel de Ben Cotton) às vésperas da maior aventura de suas vidas.

Na tripulação da nave espacial Dédalos, não por acaso, há um hidrólogo espanhol, uma bioquímica francesa, um engenheiro nigeriano e uma geóloga russa. A ideia de que nações diversas vão superar suas divergências com o objetivo de unir forças para a conquista do espaço, tema caro a Scott durante as filmagens de ?Perdido em Marte?, também é central na narrativa da série da Nat Geo.

? Conversamos com astronautas, cientistas de várias áreas, historiadores. Todos concordaram em dois aspectos: o de que a única saída para a conquista do espaço será a cooperação entre grandes potências rivais e entre a iniciativa privada e os Estados. Eles não têm a menor dúvida de que a humanidade vai colonizar Marte em um futuro próximo. Alguns até apostaram que estamos sendo tímidos na série, que isso acontecerá antes mesmo de 2033 ? diz o produtor Michael Rosenberg, parceiro de Howard e Glazer na Imagine Entertainment.

?OLHAR PARA AS ESTRELAS?

Enquanto a curiosidade científica é suprida com imagens inéditas de instalações da Nasa, da SpaceX e de simuladores do planeta vermelho, a série busca conexão emocional com o espectador na rotina dos personagens prontos para deixar a vida terrena literalmente para trás, com tramas ocorrendo tanto no espaço quanto nas salas de controle comandadas por um casal britânico formado por uma física nuclear e um botânico de renome.

? Quando me convidou para dirigir ?Marte?, Ron foi claro: a visão da série quem daria seria eu ? diz Gout. ? Mas sua participação crucial foi filosófica. Ele me disse que deveria olhar mais para o céu. Um exercício howardiano é o de passar cinco minutos, todos os dias, olhando para as estrelas e refletir sobre a nossa insignificância.

O sonho de ir a Marte e a querela de colonizá-lo estão, na série, diretamente relacionados à sobrevivência da raça humana. A premissa central é a de que criar condições para a vida humana fora da Terra é prerrogativa para se evitar a extinção da espécie:

? Dominamos a Terra. O espaço é, claramente, a próxima fronteira, seja por nossa propensão à utopia ou falta de humildade. A pergunta agora é o que faremos com a possibilidade de colonizar Marte. Repetiremos nossos erros? A resposta, quem sabe, você terá na segunda temporada ? diz o ator Olivier Martínez, que vive em ?Marte? personagem livremente inspirado em Elon Musk.