Cotidiano

Estratégia do Senado é manter sessões suspensas até a decisão do STF

BRASÍLIA – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), continuou as articulações na noite de terça-feira, em reuniões inclusive com o vice-presidente da Casa, Jorge Viana (PT-AC). O petista é próximo de Renan e tem dito nas conversas que não gostaria de assumir nessa hora de desgaste. Viana disse nesta quarta-feira, AO GLOBO, que está atuando “para ajudar” e não para aprofundar a crise e negou boatos de que renunciaria se assumisse no lugar de Renan. Renan esteve no final da tarde de ontem com o presidente Michel Temer e seguiu depois para a residência oficial do Senado, onde teve conversas com Jorge Viana, Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente José Sarney.

Viana esteve ontem no Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir uma solução não traumática para o caso do presidente do Senado, depois da decisão monocrática do ministro Marco Aurélio de ter determinado o afastamento de Renan do cargo. Ontem, Renan descumpriu a decisão, se negando a assinar a notificação da decisão, e teve apoio formal da Mesa Diretora da Casa, inclusive de Viana.

O petista esteve com o próprio Marco Aurélio e com presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. A interlocutores, a ministra dizia que esperassem a decisão de hoje do Supremo.

? Isso é um absurdo. Não tem pé nem cabeça ? disse Viana, negando especulações de que poderia renunciar se assumisse.

Sobre sua ida ao Supremo, Viana desconversa.

? Falei com muita gente ontem, estou tentando ajudar ? disse.

Dentro do PMDB, há quem especule que Viana, por estar reticente em comandar o Senado na atual situação, poderia renunciar e deixar o caminho livre para o segundo vice-presidente do Senado, Romero Jucá.

A estratégia nesta quarta-feira no Senado é aguardar a decisão do Supremo para tomar qualquer decisão. As sessões de plenário estão suspensas. A ideia era realizar uma no final da tarde, para contar prazo para a PEC do Teto, mas isso vai depender de que horas a sessão do STF acabará.

No encontro com Renan, Temer pediu que a PEC seja votada na próxima semana, em segundo turno, e ainda a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017. A LDO teve seu texto-base aprovado em sessão do Congresso, mas faltam destaques, e o Congresso não tem conseguido concluir a votação. O governo pode governar sem a aprovação no prazo do Orçamento, como já ocorreu em outros anos, mas não sem a LDO, que prevê as regras para os gastos e a meta de superávit.

Viana não vai assumir uma postura de ataque ao governo, apesar das pressões do PT. Ele deixou claro isso ontem.