Cotidiano

Estado Islâmico recua ante dupla ofensiva em Raqqa e Mossul

RAQQA – As forças árabe-curdas
apoiadas pelos Estados Unidos avançavam nesta segunda-feira em direção a Raqqa, bastião do grupo Estado Islâmico na Síria,
enquanto os extremistas perdiam no Iraque uma cidade-chave ao sul de Mossul. Como no Iraque, os militantes do EI lançam
ataques surpresa, muitas vezes usando carros-bomba para conter o avanço dos
combatentes da operação “Revolta de Eufrates”.

? As forças avançaram cerca de 12 quilômetros a partir da localidade de Suluk após violentos combates. Conseguimos
apreender armas do EI e matamos muitos dos seus combatentes ? disse a porta-voz
da ofensiva, Jihan Sheikh Ahmad.

Turquia estado islâmico

Combatentes também avançam a partir de Ayn Issa, a 50
quilômetros ao norte de Raqqa. A
operação “Revolta de Eufrates” mobiliza cerca de 30 mil combatentes das Forças
Democráticas da Síria (FDS), uma aliança anti-EI dominada pelos curdos, mas que também
inclui árabes e turcomanos.

? A maioria dos combatentes envolvidos na ofensiva eram da província de Raqqa, incluindo da cidade ? disse a
porta-voz.

Eles se beneficiam de um apoio ativo da coalizão internacional liderada pelos
Estados Unidos, que enviou dezenas de conselheiros em terra. Aviões americanos, franceses ou britânicos também desempenham um grande papel
para eliminar veículos suspeitos e posições do EI.

? O Estado Islâmico envia carros-bomba, mas as aeronaves da coalizão e nossas
armas anti-tanques
limitam sua eficácia ? comemora uma autoridade no comando da operação.

PRUDÊNCIA DE WASHINGTON

Ao elogiar no domingo o início da ofensiva em Raqqa, o secretário de Defesa dos Estados Unidos,
Ashton Carter,
enfatizou que, como em Mossul, a
batalha não será fácil e o trabalho que se apresenta será difícil.

“A primeira fase será isolar Raqqa”,
cortando as principais vias de comunicação com o exterior, explicou o Centcom, o comando das forças americanas no
Oriente Médio.

Os Estados Unidos estão cautelosos sobre as consequências da operação devido
ao seu contexto geopolítico particularmente sensível em um país mergulhado em
uma guerra civil que envolve muitas potências estrangeiras, incluindo a Rússia e
a Turquia.

Se Moscou se mantém na retaguarda, este não é o caso de Ancara, que quer se
envolver na recuperação de Raqqa,
localizada a 100 quilômetros da fronteira com a Turquia.

Um porta-voz das FDS, Sello Talal, disse no domingo que seu grupo havia
concordado com os Estados Unidos sobre o fato de que não haverá nenhum papel
turco e dos rebeldes aliados a eles na ofensiva para retomar Raqqa. Algumas horas mais tarde, no entanto,
Washington afirmou estar em contato próximo com Ancara.

AVANÇO AO SUL DE MOSSUL

No Iraque, a ofensiva em Mossul
entrou na sua quarta semana com um novo avanço das forças iraquianas na frente
sul. A Polícia Federal, o Exército e as forças de elite do Ministério do
Interior tomaram nesta segunda-feira o controle da cidade de Hamam al-Alil,
última grande cidade ao sul de Mossul.

Esta reconquista abre caminho para as forças iraquianas aumentarem a pressão
na periferia sul de Mossul, onde
estão localizados o aeroporto internacional e uma importante base militar que o
exército havia abandonado em junho de 2014, quando o EI assumiu o controle da
segunda maior cidade do país.

A nordeste de Mossul, as
forças curdas iraquianas, Peshmergas,
lançaram nesta segunda-feira um ataque em Bachiqa, cidade localizada perto de uma base
controversa, onde as tropas turcas estão implantadas, informou um
comandante.

A Turquia insiste em desempenhar um papel na ofensiva de Mossul, lançada em 17 de outubro, e conduz ataques
de artilharia contra os extremistas a partir da base de Bachiqa. Dentro de Mossul, as forças iraquianas continuam seu avanço
nos distritos do leste, onde o EI resiste fortemente.

? Sete bairros já foram controlados pela forças de contra-terrorismo, que estão eliminando os últimos
bolsões de terroristas ? informou Sabah al-Noman, porta-voz dessas forças.

O número de civis deslocados desde o início da ofensiva ultrapassa 34 mil,
segundo um novo balanço estabelecido nesta segunda-feira pelo Escritório
Internacional das Migrações (OIM).