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Esquema tático de Antonio Conte no Chelsea já cativa adeptos no Brasil

Britain Soccer Premier League

O ?time da moda? venceu mais uma rumo ao recorde de triunfos consecutivos. Desde que o técnico italiano Antonio Conte decidiu mudar o esquema tático, passando a jogar com três zagueiros, o Chelsea simplesmente parou de sofrer gols e emendou a série de vitórias que só faz crescer. A mudança tática tornou o time azul de Londres a principal referência do debate futebolístico entre técnicos, analistas e torcedores nesta primeira metade da temporada europeia. São 12 vitórias seguidas, com a impressionante marca de apenas dois gols sofridos, desde que o trio de zaga foi adotado ? o recorde histórico no Inglês é de 14 vitórias em sequências, estabelecido pelo rival Arsenal, em 2002.

FUTEBOL INTERNACIONAL 26-12

A formação encontrada por Conte deixou o Chelsea praticamente impenetrável na defesa ? foram apenas dois gols sofridos nos 12 jogos vitoriosos ?, mas sem perder capacidade ofensiva, como mostraram nesta segunda-feira os 3 a 0 sobre o Bournemouth, em Stamford Bridge. De volta para trabalhar no Fluminense em 2017, Abel Braga assumiu ser um dos entusiasmados com o trabalho de Conte no Chelsea. Em entrevista ao GLOBO, no domingo, ele não descartou experimentar armar o tricolor também com três centrais na linha defensiva e fez elogios ao treinador italiano de 47 anos.

? O Conte montou o time com três zagueiros centrais e não perdeu mais. Porque está atento. Itália, Juventus e Chelsea jogaram assim. Agora, quem joga com três zagueiros no Brasil é dado como ultrapassado. Enquanto isso, Antonio Conte vai ganhando a liga mais disputada do mundo ? lembrou Abel Braga.

O ano de 2017 vai começar na Inglaterra com os demais 19 times do campeonato buscando uma maneira de fazer gol na equipe azul. Nas últimas dozes rodadas, o Manchester City e o Tottenham foram os únicos a conseguir o feito ? mas perderam os jogos. Outras dez equipes passaram em branco diante da fortaleza defensiva montada por Conte.

Sem a bola, os três zagueiros ? Azpilicueta e Cahill, com David Luiz de líbero ? ganham a ajuda dos laterais Moses e Alonso, criando uma linha defensiva com cinco. À frente, outra linha de quatro se forma, com os pontas (Willian e Hazard) recuando até a altura dos volantes (Kanté e Matic são os titulares), e reduz o espaço.

? Uma das vantagens da linha de cinco na defesa é que, quando um dos zagueiros sai na perseguição, ainda ficam quatro jogadores atrás, sem deixar espaço. O Chelsea marca num 5-4-1 por zona, mas com constante pressão no adversário ? diz o analista tático Caio Gondo.

RETOMADA NA JUVENTUS

O esquema com três zagueiros esteve sepultado desde o final do século passado no primeiro nível do futebol europeu, e voltou a ser usado nos últimos anos. Conte foi um dos principais responsáveis por isso. Jogando assim, foi tricampeão italiano dirigindo a Juventus entre 2011 e 2014. Na Copa do Mundo do Brasil, ao menos duas seleções ? a Costa Rica, que avançou às quartas de final, e a semifinalista Holanda ? jogaram com três zagueiros. Depois da Copa, Conte assumiu a Itália e repetiu o esquema na seleção.

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Com o time bem resolvido coletivamente, alguns jogadores têm mais facilidade para recuperar sua melhor performance individual. É o caso de David Luiz, execrado pela torcida brasileira após o vexame do 7 a 1.

Com três zagueiros, os alas podem ir ao ataque simultaneamente, e Moses e Alonso são os responsáveis por dar amplitude à articulação ofensiva do time ? postando-se abertos, bem junto à linha lateral, forçando a defesa oponente a também se abrir ? e fazendo combinações com os pontas Willian, pela direita, e Hazard, pela esquerda. Este, principalmente, é especialista no movimento de entrar para a faixa central em busca de tabelas com os volantes e o centroavante ou mesmo os chutes a gol.

Mesmo com números tão bons, nem tudo está perfeito no Chelsea. Depois de vencer o Manchester City na casa do adversário por 3 a 1 ? num jogo em que sofreu pressão do time de Guardiola, mas conseguiu chegar ao triunfo com contra-ataques letais ?, o Chelsea enfrentou três rivais mais modestos (West Bromwich, Sunderland e Crystal Palace) e teve dificuldade para criar chances de gol, contentando-se com três magros 1 a 0.

REPERTÓRIO OFENSIVO

Os dois desfalques parecem ter contribuído para a maior fluidez ofensiva do Chelsea contra o Bournemouth. Volante de cintura mais dura, Kanté deu lugar a Fábregas, meia mais inventivo ? e foi de um passe do espanhol para seu conterrâneo Pedro que saiu o primeiro gol. A outra ausência foi a de Diego Costa. Em vez de outro centroavante, Conte lançou Pedro, deslocando Hazard para o comando do ataque, como um falso centrovante.

? Foi um jogo em que o Chelsea mostrou mais soluções ofensivas, com muita movimentação do trio da frente. Um acréscimo de repertório ? destaca o repórter e colunista do GLOBO, Carlos Eduardo Mansur. ? Além da vantagem que abriu, o Chelsea não está nos torneios europeus. Vai ter um time mais fresco fisicamente, e isso deve pesar na fase mais aguda da temporada.

O Liverpool recebe o Stoke City nesta terça-feira às 15h (a ESPN Brasil transmite), e, se ganhar, pode reduzir a distância do líder para 6 pontos.