Mais RIO – Comprar presentes, pagar contas, poupar e, por que não, dar um tapa no visual da casa? Seja para exorcizar o ano que passou ou resolver aquele incômodo que se arrastou pelo ano inteiro, a chegada do décimo terceiro salário pode ser o ensejo que faltava para promover intervenções no imóvel. Para quem quer aproveitar a grana extra, há várias mudanças capazes de dar uma cara totalmente nova ao lar sem estourar o orçamento.
A arquiteta Bianca da Hora já sabe: todo fim de ano aparece uma leva de clientes interessados em mudar a casa. Eles querem deixar os cômodos preparados para as festas da época ou começar o novo ano em um ambiente renovado. Desta vez, entretanto, o movimento está diferente.
? Mudar é sempre bom. Todo mundo quer iniciar o ano com outro astral. Mas, com o cenário financeiro mais complicado, a demanda diminuiu e, quando aparece, é bem pontual. Quase ninguém está mexendo na casa toda. Em geral, os clientes se restringem a um cômodo ? observa ela.
Recentemente, Bianca foi procurada por um cliente que deseja mudar toda a área social do apartamento e se limitou ao décimo terceiro para bancar a reforma. Orçadas em R$ 10 mil, as intervenções já estão em curso.
? Estou pintando a sala toda, aplicando uma tinta preta nas cadeiras da mesa de jantar e trocando seus estofados. Também investi num novo lustre para a sala e vou trocar os quadros de lugar ? conta ela.
Segundo a arquiteta, trabalhar em cima de um orçamento fechado como este pode ser restritivo, mas tem a vantagem de aumentar o poder de negociação. Como tudo é pago à vista, é uma boa oportunidade para negociar com os fornecedores. E isso é fundamental para quem precisa economizar.
Bianca também lembra que o bom e velho ?faça você mesmo? é muito oportuno num momento como este. Dá para pintar uma parede, colar adesivos e instalar prateleiras ou lustres, por conta própria. A internet está cheia de tutoriais para dar aquela força.
PLANEJE OS GASTOS
Só não vale se empolgar e gastar além da conta. É indispensável colocar tudo na ponta do lápis e fazer planilhas para se organizar. Antes de se dirigir à loja de materiais de construção mais próxima, o especialista em finanças e professor Roberto Zentgraf recomenda alguns cuidados.
? É bom lembrar que obras costumam trazer gastos inesperados, já que algumas intervenções acabam levando a outras. Então, tudo tem que ser calculado ? comenta ele. ? E caso a verba não seja suficiente, não recomendo entrar no cheque especial ou no cartão de crédito, porque isso implica no pagamento de juros altos.
Para quem não tem muito controle sobre os impulsos na hora de gastar, fica o conselho final do economista:
? Janeiro vem aí, com vários gastos extras, como impostos e matrículas de colégio para quem tem filho.
Se mesmo com todas essas ressalvas as obras se mostraram viáveis, a arquiteta Rosane Servino também tem um monte de conselhos para quem quer aproveitar o momento. Segundo ela, em muitos casos, uma simples mudança de lugar dos móveis já faz uma diferença enorme.
? Há projetos em que só reponho o mobiliário e complemento com algumas peças-chave ? comenta ela.
Para isso, como ela sugere, grandes lojas de departamento podem guardar doces surpresas.
? Tem cortinas de pronta-entrega que podem dar acabamento aos cômodos. Outro recurso interessante é apostar em prateleiras facilmente encontradas nessas lojas. Gosto de usá-las fazendo um desenho na parede ? menciona Rosane. ? Além disso, uma pintura sempre cai bem. Algumas tintas especiais, como as que imitam cimento queimado, são ótimas para dar um charme especial ao ambiente.
Além das lojas de departamento, a arquiteta indica uma visita às tradicionais feiras da cidade como uma boa oportunidade para adquirir itens de decoração.
? A Feira do Lavradio, na Lapa, é ótima para comprar peças de antiquário a preços camaradas. Assim como a da Praça General Osório, em Ipanema, é uma boa opção para quem quer investir em tapetes ? indica ela.
OBRAS TÊM PREFERÊNCIA
Se o mote é resolver questões muito além da decoração, os cuidados precisam ser ainda mais extremos. Segundo Maiquel de Carvalho, gerente de projetos da Rehau no Brasil, empresa especialista em acabamentos para móveis, obras que envolvam danos estruturais, como rachaduras e infiltrações, devem ter sempre prioridade.
? Nestes casos, é importante consultar profissionais de arquitetura e engenharia, que poderão dar as melhores orientações para otimizar as necessidades, o tempo e o dinheiro a ser investido. É comum que as pessoas não queiram pagar por esses serviços e procurem diretamente um mestre de obras, por exemplo. Porém, sem consultoria, o barato pode sair muito mais caro a longo prazo ? frisa Carvalho.
De acordo com ele, a melhor maneira de fugir do arrependimento pós-obra é checar as referências com quem já realizou algum serviço com aquele profissional. Assim, o cliente pode saber se aquele prestador ou empresa realmente entrega o prometido.
? Sem dúvida essa escolha pode fazer a diferença no resultado, não só no bolso, mas também na qualidade. No caso de uma infiltração, por exemplo, é fundamental que o reparo seja feito com excelência para que o problema não volte a ocorrer meses depois, quando o décimo terceiro já se foi ? finaliza ele.
