Cotidiano

Escravidão moderna atinge 45 milhões de pessoas no mundo, diz fundação

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NOVA YORK ? Cerca de 45,8 milhões de pessoas estão aprisionadas em versões modernas de escravidão, reportou um grupo de direitos humanos nesta terça-feira. A estimativa é 28% maior em relação à última, divulgada há dois anos. A organização Walk Free Foundation atribuiu o aumento do dado à melhoria na coleta de informações e na metodologia da pesquisa ?2016 Global Slavery Index? (Índices da Escravidão Global 2016, na tradução para o português). É incerto, no entanto, afirmar se a escravidão cresceu ou diminuiu no mundo.

A instituição afirma que chegou aos número por meio da entrevista de 42 mil pessoas em 53 línguas. A equipe de pesquisa encontrou nos 167 países estudados algum sistema de trabalho que caracteriza a escravidão moderna. Diferentemente da definição histórica, que previa os trabalhadores presos a um dono como propriedade legal ? sistema que foi vetado por lei no mundo ?, a escravidão moderna abarca o tráfico humano, o trabalho forçado, a escravidão por endividamento, o casamento forçado ou servil e a exploração sexual comercial.

A Walk Free Foundation atesta que mais da metade dos escravos modernos vive em cinco países ? Índia, com 18,35 milhões de trabalhadores em sistema abusivo; China, com 3,39 milhões; Paquistão, com 2,13 milhões; Bangladesh, com 1,53 milhões; e Uzbequistão com 1,23 milhões. O país com maior índice per capita de escravos modernos, no entanto, é a Coreia do Norte, segundo o relatório. No país asiático, cerca de 4,37% da população vive nessas condições. Em seguida, estão Uzbequistão, com 3,97%; Camboja, com 1,65%; Índia, com 1,4%; e Qatar, com 1,36%.

Embora a Índia ainda seja o país com maior número absoluto de escravos modernos, a fundação reconhece um ?progresso significativo? proveniente das medidas do país para resolver o problema. Entre elas, a melhoria no sistema de proteção das vítimas e o endurecimento das penas criminais para a prostituição de crianças e para o casamento forçado.

O relatório destaca ainda outras iniciativas antiescravidão. O governo britânico, por exemplo, passou a Lei da Escravidão Moderna no ano passado, a fim de estabelecer como pena a prisão perpétua para quem violar a legislação. Os Estados Unidos, lembra a Walk Free Foundation, emendaram uma lei que bane a importação de bens produzidos com trabalho forçado ou infantil.

Os países de menor percentual populacional de escravidão moderna, que apresentaram menos 0,02% de nacionais envolvidos em regimes abusivos de trabalho, são Luxemburgo, Nova Zelândia, Irlanda, Noruega, Dinamarca, Suíça, Áustria, Suécia, Bélgica, Austrália, Canadá, Espanha, Reino Unido, França, Alemanha e Estados Unidos.

Criada em 2012 por dois filantropos australianos, Andrew e Nicola Forrest, a Walk Free Foundation desenvolveu o que é considerado como a primeira estimativa de alcance global sobre escravidão, com dados de país a país.