Cotidiano

Escola dinamarquesa é criticada por separar crianças de acordo com etnia

FILES-DENMARK-EUROPE-MIGRANTS-G782HUP9E.1.jpgCOPENHAGUE ? Quase um ano após o fluxo da migração atingir o seu ápice na Europa, a volta às aulas revela desdobramentos que podem ser sentidos em milhares de salas de aula do continente. Enquanto a maioria das escolas está focada em integrar crianças que migraram para a Dinamarca, uma escola da cidade de Aarhus decidiu separá-las de acordo com sua etnia. A ideia atraiu críticas de militantes pró-direitos humanos, que questionam a legalidade de segregar crianças.

Muitos países oferecem classes diferenciadas para os recém-chegados, mas com o objetivo de acelerar o aprendizado. Na Alemanha, por exemplo, turmas designadas especialmente para alunos estrangeiros oferecem treinamento intensivo da língua alemã, para que crianças imigrantes ou refugiadas sejam transferidas para as salas normais o mais rápido possível.

A abordagem da escola dinamarquesa, no entanto, não foi pensada para melhorar a integração dessas crianças. Ao contrário, procura evitar que os alunos tenham uma sala multicultural, denunciou o jornal ?Jyllands-Posten?. A política não se aplica somente a crianças refugiadas ou nascidas no exterior, mas também a aquelas que cresceram na Dinamarca, mas são filhas de imigrantes.

O caso da escola de Aarhus é considerado isolado. Em 2007, cerca de 25% dos alunos do colégio eram imigrantes ou filhos de pais imigrantes. Desde então, esse número cresceu para 80%.

Alguns críticos do plano dizem que ele reflete uma tendência mais profunda de uma sociedade que está se opondo ao aumento da imigração. A Dinamarca ganhou as manchetes no ano passado por uma lei que permitia que policiais apreendessem objetos de valor de refugiados, como uma maneira de de ajudá-los a diminuir os custos de hospedar os novos habitantes ? muitos de países devastados pela guerra, como Síria e Iraque. Opositores de políticas dessa natureza dizem que a Dinamarca está se isolando cada vez mais, e se mostrando como um país onde refugiados e imigrantes não são bem-vindos. Como resultado, o número de refugiados procurando o país diminuiu neste ano.

? É pura discriminação quando você organiza as pessoas considerando se elas são dinamarquesas brancas ou morenas ? disse Jette Moller, presidente da ONG SOS Against Racism, ao jornal ?Jyllands-Posten?.