Cotidiano

Era uma vez...

Enquanto a vovó Vivi conta histórias, os olhos das crianças se enchem de alegria. O brilho e a felicidade estampados no rosto de cada pequeno são os motivos que a faz seguir adiante com um projeto idealizado há mais de duas décadas, e que se reforçam neste Dia do Contador de Histórias, celebrado hoje.

“Criei a vovó Vivi em 1996, dentro da biblioteca de um colégio que trabalhei durante anos, no Bairro Maria Luiza, em Cascavel. A ideia surgiu quando vi as crianças procurando livros para ler, e foi aí que a vontade de contar histórias aflorou”, lembra a pedagoga e especialista em docência no ensino superior, Virginia do Rocio Monastier, que dá vida à personagem.

O nome da personagem é uma abreviação de seu nome próprio. Segundo Virginia, a vovó Vivi, além de ler livros infantis, ainda encena, experiência que trouxe das aulas de teatro da época em que estudava. Ela dá asas à imaginação assim que coloca as vestimentas que a caracterizam como uma contadora de histórias. De sapatilha e saia escuras, camisa de cetim branca, um xale colorido, peruca loira cacheada, batom cor de rosa, bolsa de “fuxico” e brincos de pérola, a vovó Vivi está pronta para compartilhar a magia que há em cada página folheada.

“O mais importante de tudo é transmitir alegria para as crianças. Eu vejo isso nos olhos delas. As histórias despertam a curiosidade, elas ficam extasiadas, como se tivessem vendo naquele momento os personagens do livro”, diz Virginia. Entre as mais pedidas estão os contos infantis dos Três Porquinhos, Branca de Neve e A Bela e a Fera. Virginia lembra que além das histórias, as crianças gostam também de vê-la declamar poesias, outra habilidade da pedagoga.

Nos hospitais

Agora, a vovó Vivi vai se dedicar a uma causa nobre. Em parceria com uma amiga, Virginia passa a fazer parte do time de voluntárias do projeto Amor em Fios, que arrecada cabelos para a confecção de perucas a crianças em tratamento de câncer nos hospitais do município. Como contadora de histórias, vai até os hospitais para ler livros aos pacientes. “A partir de agora a vovó Vivi participará deste projeto”, afirma.

Culpa do acaso

O acaso levou a contadora de histórias Lucy Maria de Araújo da Silva, a abrir pela primeira vez um livro entre um grupo de crianças, em 1994, na cidade de Toledo.

“Quando iniciei meu trabalho, na Vila Pioneiro, tinha uma contadora [de histórias] que admirava muito. Porém, ela teve um problema de saúde e precisou ser substituída. Foi aí que várias meninas passaram por um teste e daquele momento em diante comecei, gostei e não parei mais”, conta.

Ao longo dos anos, Lucy diz ter sentido a emoção de cada criança que parou para lhe escutar. “A cada palavra que a gente fala faz com que a criança entre no mundo da magia. A história as leva para vários lugares, para o mundo inteiro. Às vezes, elas até se colocam no papel do personagem, vivem juntos aquele momento. É um brilho no olho que não tem dinheiro que pague”, diz.

Desde o ano passado, a contadora de histórias faz parte do projeto Amigos da Leitura, que proporciona atividades culturais e pedagógicas às crianças e adolescentes de Toledo, e tem como um dos principais objetivos estimulá-los a ler.