Esportes

Entre dois ouros, americano teve que superar drogas e depressão

ervin.jpgRIO ? A coroação de Anthony Ervin nos 50m livre não bateu só o recorde de campeão mais velho em raias olímpicas. Aos 35 anos, o americano volta ao auge da natação 16 anos depois de sua primeira medalha de ouro na prova. No intervalo, um histórico fora do esporte mais chocante que o triunfo do “ancião”, que inclui o abandono das piscinas, o abuso de álcool e drogas e até uma tentativa de suicídio.

NATAÇÃO 12-08

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Aclamado nadador mais veloz do mundo na noite de sexta-feira, Ervin já ostentara a láurea em 2000, quando bateu na frente dos adversários na Olimpíada de Sidney. Três anos depois, ainda defensor do título olímpico, ele anunciaria o fim da carreira. Desde criança, tomava remédios e recorria ao esporte para conter a agitação, que por vezes se refletia em ímpetos de agressividade. Sem a natação, buscou o alívio nos medicamentos, na bebida e nas drogas.

Ervin queria distância de tudo o que já havia feito na vida: formou a banda, Weapons of Mass Destruction (Armas de Destruição em Massa, em português), trabalhou em um estúdio de tatuagem e largou os estudos. Ingeria LSD e cocaína, que lhe renderam um acidente de moto enquanto fugia da polícia. Tomado pela depressão, o americano tentou se matar com overdose de tranquilizantes.

Na reviravolta, passou a contemplar os ideais do budismo. Também voltou à faculdade, onde foi convidado a uma prova de natação ? era 2011 quando voltaria a ser atleta, o suficiente para que Ervin treinasse e conseguisse vaga para Londres-2012. Nos 50m que coroariam o brasileiro Cesar Cielo, terminou em quinto.

Quatro anos depois, chegava ao Rio como um protagonista da natação entre os ícones Michael Phelps e Katie Ledecky. Mas mostrou aos adversários (pelo menos 8 anos mais jovens que ele) que o título de mais rápido do mundo deveria voltar para casa.

? Eu não poderia imaginar isso. É surreal. É absurdo. Eu só dava risada, não parava de rir ? disse logo depois da prova.

Apesar do bicampeonato, será a única medalha a brilhar na parede de Ervin. Em 2004, ele decidiu leiloar o ouro de Sidney para ajudar vítimas do tsunami na Indonésia. Doou o equivalente a R$ 52 mil à Unicef. Com a do Rio-2016, ele disse ao GloboEsporte, pretende ficar. “Por enquanto”.

? Quer saber? Tanto faz o que aconteceu. Tudo contribuiu, as coisas boas e ruins, as quedas e os crescimentos. Tudo me ajudou a me tornar quem eu sou ? afirmou ao portal o nadador, que carrega uma fênix, o símbolo do renascimento, tatuada no braço esquerdo.