Cotidiano

Entidades de cineastas repudiam demissões no MinC e na Cinemateca

SÃO PAULO – Entidades da classe cinematográfica brasileira divulgaram um manifesto contra a demissão, nesta terça-feira, de mais de 80 funcionários do Ministério da Cultura, incluindo quadros da Cinemateca Brasileira. Junto ao manifesto, assinado por quatro associações de cineastas e dois sindicatos de trabalhadores do setor, também foi divulgada uma carta endereçada ao ministro da Cultura, Marcelo Calero, e ao secretário do Audiovisual, Alfredo Bertini, na qual dizem estar perplexos com as ações.

O manifesto contraria a justificativa dada pelo Ministério da Cultura (MinC) de que as demissões atenderiam “uma demanda da sociedade civil por uma gestão republicana e transparente”. Para as entidades, a “atitude foi tomada de forma súbita e sem amparo técnico algum”:

“É uma ação de caráter eminentemente político que atinge a Cinemateca com uma violência injustificável. Não podemos aceitar que um governo interino tome atitudes que desestruturam as instituições já fragilizadas por ações equivocadas anteriores.

Esperamos que, a despeito do ocorrido, o Ministério venha a reconsiderar medidas que em franco desacordo com a cultura e o conhecimento.”

A carta enviada ao MinC, que assume um tom um pouco mais ameno, ressalta que a Cinemateca, projetada e fundada pelo crítico e professor Paulo Emílio Salles Gomes, é uma “instituição com padrão de excelência mundial”. Segue dizendo que as demissões de profissionais qualificados é “incompatível com o caráter perene da instituição”:

“A Cinemateca é um patrimônio, não só dos cineastas mas de todos os brasileiros. Não ficaremos em silêncio diante do risco de comprometimento da instituição que preserva a memória das imagens que a nossa sociedade criou nos últimos 100 anos.

Solicitamos ainda que este Ministério convoque em caráter de urgência o Conselho Superior de Cinema, órgão qualificado, legítimo e com representação paritária da Sociedade Civil e do Governo, para deliberar sobre questões atinentes à atividade.”

Assinam os documentos a Associação Paulista de Cineastas (Apaci), a Associação Brasileira de Cineastas (Abraci), a Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos do Rio Grande do Sul (APTC-RS), o Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo (Siaesp), o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Cinematográfica (Sindcine) e a Associação Brasileira dos Documentaristas (ABD).