Cotidiano

Entidade internacional apoia prêmio dado a jornal paranaense

SÃO PAULO. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) manifestou nesta sexta-feira solidariedade à Associação Nacional dos Jornais (ANJ) diante das críticas da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) por causa da premiação dada à “Gazeta do Povo” e cinco de seus profissionais. O jornal paranaense foi premiado em razão de uma série de reportagens que revelou a remuneração dos representantes do Judiciário e do Ministério Público do estado.

“Com seu prêmio, a ANJ destacou o jornalismo de qualidade e o valor do jornal por abordar informação de interesse público”, afirma a SIP.

Na terça-feira, a ANJ anunciou que a “Gazeta do Povo” e seus profissionais serão contemplados com o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa. No dia seguinte, AMB divulgou nota em que classificou a reportagem do jornal paranaense de “tendenciosa” e disse que a decisão de premiar o trabalho era “um atentado ao direito à informação”.

Publicada em fevereiro, a reportagem mostrou que o rendimento médio dos juízes e dos integrantes do Ministério Público no Paraná, em 2015, superou o teto constitucional em mais de 20%. Logo após a publicação da reportagem, os juízes citados ingressaram com uma série de ações contra o jornal e os profissionais. Até agora, foram abertos 45 processos, segundo o jornal. As ações foram protocoladas em diferentes cidades aranaense no Juizado Especial, que aceita causas de pequeno valor (até 40 salários mínimos) e obriga os profissionais a comparecerem a todos as audiências de conciliação para não serem condenados à revelia.

O presidente da comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, Claudio Paolillo, considerou a serie de ações movida pelos magistrados como “uma retaliação contra o jornal e os seus profissionais”. Ele deu respaldo ao presidente da ANJ, Carlos Lindenberg Neto, que rechaçou o questionamento da AMB.

Paolillo citou a “Declaração de Chapultepec” (assinada em 1994 na Cidade do México em 1994 em uma conferência que reuniu lideranças políticas, estudantes e jornalistas) e a “Declaração de Princípios sobre Liberdade de Expressão” da Comissão Interameriana de Direitos Humanos, que afirma que nenhum jornalista e veículo podem sofrer punição por difundir denuncias contra o poder público. O dirigente da SIP ainda destacou que funcionários públicos estão sujeitos a maior escrutínio da sociedade.