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Entenda as idas e vindas da investigação contra Neymar

2014_682065454-20140122123902798rts.jpg_20140122.jpgEnquanto brilhava dentro de campo pelo Barcelona, acumulando gols na reta decisiva das competições nacionais e europeias, Neymar via a marcação do Fisco espanhol se aproximar perigosamente. O ápice chegou nesta quarta-feira, 23 de novembro, com o pedido de prisão do jogador feito pela promotoria, com a acusação de que ele participou de uma suposta fraude para maquiar o valor verdadeiro de sua transferência do Santos para o clube catalão, em 2013.

A investigação começou ainda no fim daquele ano, quando a Procuradoria do tribunal nacional pediu ao Barcelona esclarecimentos sobre pagamento de 40 milhões de euros feito à N&N Consultant, empresa administrada pelos pais do jogador. Antes, em agosto de 2013, o Barcelona havia informado à Fifa que a contratação do atacante custara somente 17,1 milhões de euros, valor dividido entre o Santos (55%) e os grupos de investimento DIS (40%) e Teisa (5%), que tinham fatias dos direitos econômicos do jogador.

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Neymar da Silva e Nadine Santos, pais do atacante e administradores da N&N, também prestaram depoimento no dia 2 de fevereiro de 2016, assim como o jogador, na Suprema Corte espanhola. Outros que foram ouvidos: Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro e Odílio Rodrigues, ex-presidentes do Santos que participaram da negociação, assim como o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell e seu sucessor, Josep Maria Bartomeu. Todos são investigados por ?simular vários contratos?, nos quais ?poderiam estar disfarçando o valor pago pela transmissão de direitos federativos? de Neymar, segundo a procuradoria.

Neymar: processo por fraude fiscal (em novembro de 2016)

NEGOCIAÇÃO CINCO VEZES MAIS CARA

O grupo DIS entrou com queixa-crime, aceita em junho de 2015 pelo Supremo Tribunal da Espanha, contra Neymar, seus pais, o Barcelona e o Santos. Começava, assim, um novo processo judicial envolvendo a transferência do atacante.

À época, o Barcelona já admitia que o custo total da negociação fora de 57,1 milhões de euros. A justificativa para o aumento foi um acordo prévio firmado com a N&N para garantir que o atacante iria para a Catalunha. A imprensa espanhola, contudo, descobriu que o valor real chegou a 86,2 milhões de euros, devido a acordos paralelos feitos pelo Barcelona com o Santos, a Fundação Neymar, o próprio atacante e, novamente, a N&N.

O DIS sentiu-se lesado porque recebeu um percentual menor do que teria direito, já que o custo verdadeiro da negociação pode ter sido cinco vezes maior que o anunciado originalmente. Para o tribunal, o valor chegou a 83,3 milhões de euros.

A investigação a partir da queixa-crime do DIS levou a Fiscalía, espécie de Ministério Público da Espanha, a solicitar que Neymar fosse convocado para prestar depoimento como réu. O juiz José de la Mata acatou o pedido, e a audiência ocorreu em fevereiro.

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OUTROS CENÁRIOS

Neymar também teve problemas com a Justiça brasileira. Em setembro, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, atendendo a uma medida cautelar proposta pela auditoria-fiscal da Receita Federal, pediu o bloqueio de bens móveis e imóveis do jogador no valor de R$ 188,8 milhões. Um dos motivos era o fato de Neymar usar a N&N para declarar ganhos que, na verdade, seriam seus.

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região negou o pedido em primeira instância, mas o desembargador Carlos Muta acatou os argumentos do Fisco e bloqueou o montante para que haja garantia do pagamento dos impostos sonegados, caso as acusações sejam comprovadas.

O Santos, antigo clube de Neymar, também se mostrou insatisfeito com a correção dos valores da negociação. Em fevereiro de 2014, o clube entrou na Justiça para tentar obter os contratos estabelecidos entre Barcelona e N&N, após tentar sem sucesso um acordo amigável. À época, começavam a pipocar informações de que o Barça teria pago 40 milhões de euros à empresa, montante muito superior aos 17,1 milhões que o Santos dividiu com grupos de investimento pela transferência de Neymar.

Em maio de 2015, seis meses após tomar posse como presidente do Santos, Modesto Roma Júnior anunciou que o clube entrara com processo na Fifa contra Neymar e o Barcelona. O motivo foi o mesmo alegado pelo grupo DIS em sua queixa-crime: o clube paulista sentiu-se lesado pela maquiagem dos valores da negociação.