Política

Endividamento paranaense é o maior em cinco anos

Curitiba – Os paranaenses atingiram em maio deste ano o maior nível de endividamento desde agosto de 2013. É o que revela a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), elaborada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e divulgada pela Fecomércio PR (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná), que aponta que 91% das famílias paranaenses estavam endividadas em maio.

O indicador aumentou tanto na variação mensal (88,5% em abril) quanto na comparação com maio de 2017 (87,9%). Este é o maior percentual de endividados desde agosto de 2013 (93,5%) e coloca o Estado no topo do ranking brasileiro de endividamento. Na sequência, ficaram os estados de Roraima (78,7%) e Santa Catarina (75,9%).

A retomada da economia favorece o endividamento ao aumentar a confiança do consumidor, que sente a possibilidade de parcelar compras e honrar seus compromissos financeiros, sobretudo pela melhora nos números do mercado de trabalho, com a criação de 115 mil novos empregos no País, segundo dados de abril do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Preocupante

O dado preocupante, no entanto, diz respeito às condições de pagamento das dívidas, que pioraram no Paraná. Em maio, 31,9% dos endividados possuíam contas em atraso e 11,4% não tinham condições de quitá-las. Em abril, os endividados com débitos atrasados correspondiam a 29,7% e 23,3% em maio do ano passado. Já os paranaenses que admitiam não ter condições de pagar suas contas eram 10,7% em abril e 9,1% em maio de 2017.

Os dados nacionais mostram média de endividamento de 59,1%. As contas em atraso ficaram em 24,2% em maio e a falta de condições de pagamento ficou em 9,9%.

Tipos de dívida

O cartão de crédito foi o principal motivo de endividamento dos consumidores paranaenses e concentrou 72,6% das dívidas no mês de maio. O financiamento imobiliário foi o segundo colocado, com 10,1 %. Em seguida ficou o crédito para automóveis, com 8,4%.

Nível de endividamento

A proporção das famílias que se declaram muito endividadas aumentou na comparação com maio de 2017, passando de 22,9% para 23,4%. Já na comparação com o mês anterior, o indicador baixou para 24,2%.

A parcela de endividados que declarou estar mais ou menos endividada aumentou de 46,5% para 49,2% na variação anual e a proporção de famílias pouco endividadas passou de 18,5% para 18,4%.

No cenário nacional, as famílias que se classificam como muito endividadas foram 13,4% em maio; as mais ou menos endividadas somavam 22,4%, e as pouco endividadas, 23,2%.

Nível de endividamento Maio de 2017       Abril de 2018       Maio de 2018

Muito endividado 22,9%         24,2%         23,4%

Mais ou Menos endividado     46,5%         48,9%         49,2%

Pouco Endividado         18,5%         15,4%         18,4%

Não tem dívidas desse tipo      12,1%         11,5%         8,9%

País tem 63,29 milhões de inadimplentes

O volume de consumidores brasileiros com contas em atraso e registrados em lista de devedores voltou a crescer no último mês de maio, mas desacelerou frente os meses anteriores.

De acordo com dados apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a quantidade de inadimplentes cresceu 2,78% no mês de maio na comparação com igual mês do ano passado. A taxa é menor do que se comparada aos meses de março e abril de 2018, quando houve alta de 3,13% e 3,54%, respectivamente. Em números absolutos, estima-se que aproximadamente 63,29 milhões de brasileiros estejam com o CPF restrito para fazer compras a prazo ou contratar crédito.

Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, apesar de a recessão ter chegado ao fim, a inadimplência do consumidor continua elevada, pois a recuperação econômica segue lenta e não se refletiu em melhora inequívoca no dia a dia dos consumidores. “Por mais que o país tenha superado a recessão, o mercado de trabalho continua desaquecido, os juros cobrados do consumidor ainda não caíram no mesmo ritmo da Selic e a perda de renda real dos últimos anos ainda não foi recuperada. Com a retomada do ambiente econômico acontecendo de forma gradual, ainda demorará para termos um aumento expressivo do número de empregos e renda, fatores que impactam de forma positiva tanto no pagamento de pendências quanto na propensão ao consumo das famílias”, analisa o presidente.

Por região

O aumento da inadimplência foi puxado, principalmente, pela Região Sudeste, cuja alta observada em maio foi de 8,07%. Nas demais regiões, as altas foram mais modestas como 2,95% no Nordeste; 2,27% no Centro-Oeste; 1,55% no Norte e 1,08% no Sul.

Mercado reduz PIB pela sexta vez seguida

Brasília – A estimativa do mercado financeiro para o crescimento da economia continua em queda, enquanto a projeção para a inflação sobe. De acordo com o Boletim Focus, publicação divulgada na internet todas as semanas pelo BC (Banco Central), a projeção para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – passou de 2,18% para 1,94%. Essa foi a sexta redução seguida.

Até a previsão de crescimento do PIB para 2019, que permanecia inalterada há 18 semanas seguidas, foi ajustada de 3% para 2,80%, no boletim divulgado ontem.

A estimativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu de 3,65% para 3,82% este ano, no quarto aumento seguido. Para 2019, a projeção foi ajustada de 4,01% para 4,07%. O IPCA mede a inflação oficial.

Mesmo assim, a expectativa para a inflação permanece abaixo da meta, que é 4,5%, com limite inferior de 3% e superior de 6%. Para 2019, a meta é 4,25%, com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%.

A previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar permanece em R$ 3,50, tanto para o fim deste ano quanto para o fim de 2019.